Lorde, por Thistle Brown

10 álbuns a ouvir esta semana

Pedro Picoito

Numa semana fértil em novos lançamentos, selecionamos 10 álbuns a ouvir, entre eles Lorde e Laura Stevenson.

Frankie Cosmos, Different Talking (Sub Pop)

As músicas de Frankie Cosmos são pequenos shots. Curtas, de 1 ou 2 minutos, mas não surtem menos efeito por isso. As letras são simples, embora sejam construídas de uma forma tão inteligente que contêm multitudes em três ou quatro palavras. O que começou como um projeto a solo é agora uma banda que tem vindo a assegurar o seu lugar na cena indie pop. Different Talking foi gravado e produzido pela própria banda, sem nenhuma ajuda externa, o que contribui para uma atmosfera intimista ao longo do alinhamento.

Greet Death, Die In Love (Deathwish Inc.)

Com Die In Love, os Greet Death estão de volta passados seis anos com um álbum profundamente pessoal. Com uma sonoridade textural e rica já típica, põem o shoegaze e o pós-rock ao serviço de temas como a morte e a perda (e como ambas são inevitáveis na nossa vida). As palavras de Logan Gaval resumem bem o cerne do álbum: “Dor e perda. Todos as sentimos… é bastante humano… No final de contas, nós temos sorte ao perder alguém que nos importa”.

Laura Stevenson, Late Great (Really Records)

Laura Stevenson é uma das vozes mais subvalorizadas da música atual. Tem uma sensibilidade folk que lhe permite escrever as letras e melodias mais bonitas e a isso alia a sua veia punk, que nos puxa para o centro das canções e nos envolve nas histórias e emoções ali retratadas. Gravado numa igreja antiga, Late Great oferece-nos uma atmosfera expansiva onde a dor de Stevenson se transforma em algo poético e delicado.

Lorde, Virgin (Universal)

Em 2017, Lorde lançava Melodrama. Durante algum tempo, as canções desse agora clássico contemporâneo foi o mais próximo a que chegámos de Ella Yelich O’Connor, a neozelandesa por detrás de Lorde. Em 2024, no início do Brat summer isso mudava. No remix de “Girl, so confusing”, Lorde entregava-se sem reservas. Podemos ver o single como um aviso daquilo que viria com o seu quarto álbum de estúdio. Uma honestidade desinibida, crua e carnal, na sua forma bruta, sem floreios. É difícil não compararmos qualquer álbum de Lorde com Melodrama, mas a verdade é que Virgin não tenta competir. É algo completamente diferente. Traz-nos uma versão amadurecida, mas pela primeira vez cheia de dúvidas, daquela que há uma década era talvez a adolescente precoce mais conhecida no mundo.

Moving Mountains, Pruning Of The Lower Limbs (Wax Bodega)

O entusiamo é mais que muito para o primeiro álbum dos Moving Mountains em 12 anos. O pós-rock dominado pelas guitarras que eles tanto exploraram nos clássicos Pneuma e Waves mantém-se, mas a banda usou estes 12 anos de interrégno para aprofundar um lado emocional que é tão visível em Pruning If The Lower Limbs. É um álbum familiar para quem já os conhece e simultaneamente fresco. É uma versão mais amadurecida dos Moving Mountains.

Nick Léon, A Tropical Entropy (TraTraTrax)

O álbum de estreia do artista de Miami é uma homenagem à sua cidade. Nick Léon constrói uma paisagem eletrónica baseada nos ritmos latinos do dembow e outros, na qual explora, em tons de néon, a distopia fascinante associada à cidade da Flórida. É um retrato psicadélico e nebuloso edificado na pista de dança.

Sharpie Smile, The Staircase (Drag City)

The Staircase é um renascimento para os Sharpie Smile, que anteriormente se chamavam Kamikaze Palm Tree. O álbum é apresentado como uma estreia, que nos traz pop futurista com sensibilidades art-rock. A influência da grande SOPHIE é clara, e embora The Staircase não possa ser considerado como hyperpop, o registo bebe de um experimentalismo pop que tanto nos convida a dançar como a refletir.

Smut, Tomorrow Comes Crashing (Bayonet Records)

Tomorrow Comes Crashing é bem-sucedido em transmitir-nos a energia dos Smut, como se eles estivessem ao nosso lado. A banda gravou as faixas como se estivesse a tocar ao vivo e optou por uma abordagem anti-perfeição e anti-técnica. Há pequenas falhas que tornam o álbum mais real. Os Smut estão mais raivosos e energéticos do que nunca em Tomorrow Comes Crashing.

TDJ, TDJ (Collection Disques Durs)

TDJ é mais uma estreia na lista desta semana. Produzido, escrito e executado exclusivamente pela própria, TDJ é um statement altamente pessoal. A DJ de Montreal constrói música trance sobre andamentos mais lentos que abrem espaço para a introspeção. É eufórico mas procura ficar connosco para lá da pista de dança.

Willi Carlisle, Winged Victory (Signature Sounds)

Um ano depois de Critterland, Willi Carlisle volta com Winged Victory, produzido pelo próprio. Algures entre o folk pastoral e o country alternativo, Carlisle arranjou um espaço para cantar sem medo sobre temas que muitos evitam: o trabalho, críticas ao capitalismo, histórias queer em ambientes rurais. Winged Victory é profundamente político, mas também profundamente humano.