Os Human Natures são hoje uma banda composta por 8 elementos, mas nasceram como um projecto a solo, um alter-ego de João Ribeiro, músico formado em Música e mestre em Ciências Farmacêuticas — uma combinação pouco comum que ajuda a explicar porque é que as suas canções parecem funcionar como pequenas doses de cuidado emocional. A partir desse núcleo íntimo, Ribeiro foi desenhando um universo sonoro etéreo e contemplativo, onde a música é pensada como estado de espírito, sem pressas nem fórmulas.
À medida que as canções pediam outra dimensão, o projecto cresceu e transformou-se num colectivo, reunindo músicos da vibrante cena de Coimbra, como Maria Roque (MaZela) e Constança Ochoa (Líquen), a que se juntaram ainda o Almedina Ensemble (quarteto de cordas) e a Coimbrass Band (septeto de sopros). O resultado é uma formação invulgar, quase orquestral, que dá corpo a uma música suave, atmosférica e profundamente imersiva, feita de guitarras aquáticas, vozes delicadas e camadas sonoras que convidam à escuta atenta.
Esse percurso culmina (ou começa) agora com Electric Dreams, o álbum de estreia dos HUMAN NATURES, uma obra longa e serena, pensada para ser ouvida como um todo e capaz de induzir um estado de suspensão e leveza raros. É neste contexto que João Ribeiro, enquanto líder e principal arquitecto do projecto, escolhe para o Mente Cultural os dez álbuns mais importantes da sua vida — uma lista que ajuda a compreender a sensibilidade, o imaginário e a ideia de música como espaço de cura e comunhão que atravessam todo o universo dos HUMAN NATURES.
1. The Doors
The Doors (1967)
Este disco dos The Doors, foi o meu primeiro grande contacto com o psicadelismo, blues e poesia cantada. Sendo uma das bandas mais marcantes dos anos 60, Jim Morrison sempre representou para mim um dos meus vocalistas favoritos “of all time”. A sua capacidade de criar uma atmosfera mística, misteriosa, aliada às suas letras repletas de significado e poder. E foi a primeira vez que vi uma música com mais de 10 min (“The End”).. a partir daí soube que era possível fazer músicas grandes, se está na natureza da música!
2. Massive Attack
Mezzanine (1998)
Mezzanine para mim apresenta-se como o ponto mais alto do movimento trip-hop de Bristol, ao lado dos Portishead. Baterias assombrosas, down tempos e vozes etéreas como as de Horace Andy (“Angel”) ou Elisabeth Fraser (“Teardrop“) sempre me disseram algo muito especial e único. Sem dúvida uma das bandas que nunca me cansarei de ver ao vivo e que sempre terão um lugar especial dentro dos projetos que me influenciaram artisticamente. E foi daqui que também me apercebi que é completamente possível, uma banda ter uma série de vocalistas diferentes. O leque de construção artística aumenta desta forma exponencialmente.
3. Radiohead
In Rainbows (2007)
E agora, Radiohead. Posso dizer que é a minha banda favorita de todos os tempos, e para sempre o será.
Os Radiohead acompanharam-me durante toda a minha adolescência, ainda me acompanham e acredito que sempre o farão. Por entre paixões e heartbreaks, eles sempre lá estiveram para me poder expressar! Sem dúvida, a banda que mais influência teve na minha veia musical e artística. (Sendo a única banda que posso dizer, que sei tocar muitas muitas músicas..). A sua capacidade de experimentação, instrumentação e inovação é completamente avassaladora, em que todos os álbuns nos batem bem fundo, como se não houvesse fim a esse fundo. Escolher um álbum nunca é fácil, mas pessoalmente, coloco no pódio o In Rainbows. A “Reckoner” e a “Weird Fishes/Arpeggi” são das minhas músicas favoritas de sempre, e provavelmente das músicas que já ouvi mais vezes! Thom Yorke e Johnny Greewood, são sem dúvida 2 dos artistas que mais me influenciaram.
4. Portishead
Third (2008)
Tinha de fazer menção aos Portishead, pois a “The Rip“, também é uma das minhas músicas favoritas de sempre. Há qualquer coisa sombria, visceral e profundamente sentida nesta música que sempre me fez admirar esta banda. Sem dúvida um projeto de referência no experimentalismo moderno, com o seu trip-hop melancólico.
5. Fleet Foxes
Helplessness Blues (2011)
Fleet Foxes, foi provavelmente a minha grande banda favorita a seguir aos Radiohead. Se o céu existir, é este indie folk que lá é tocado diariamente! Foram sempre a minha grande referência para harmonias vocais, com profundidade lírica associada a arranjos complexos. Os temas que abordam são sempre bastante sentidos, aliados a um certo nível de espiritualidade e serenidade que aprecio imenso.
6. Grizzly Bear
Shields (2012)
Anteriormente a Fleet Foxes, os Grizzly Bear foram o meu primeiro contacto mais a sério com o lado indie. Shields apresenta-se como uma obra meticulosa e emocionalmente sofisticada, com canções que crescem em texturas. Mais uma vez, Daniel Rossen apresenta-se como um dos principais guitarristas que influenciaram o meu trajeto de aprendizagem na guitarra.
7. Tame Impala
Lonerism (2012)
Estive algo indeciso entre os Pink Floyd e Tame Impala, sendo que os primeiros representam a criação do rock psicadélico, e os segundos representam a modernização do mesmo. Kevin Parker é um artista de outro mundo, ao construir e gravar todos os instrumentos dos seus discos, sendo Lonerism o mais marcante para mim. Malhas de guitarra é com ele, a junção de synths, baterias, vocais cheias de reverb/delay, é de tudo que eu mais gosto.
8. Slowdive
Slowdive (2017)
Slowdive foi uma banda que eu descobri mais nos últimos anos, e foi onde encontrei o meu amor pelo shoegaze. Gazing at the shoes, como diz o próprio nome do estilo musical… faço tanto disso com os meus pedais, que é inegável reconhecer a influência e a ligação a este género musical na música dos HUMAN NATURES. Criar paredes sonoras de beleza etérea e sensação de paz, é algo que eu adoro na música, e assim sendo, passaram a ser uma das minhas bandas favoritas. “Star Roving” apresenta-se para mim como uma malha perfeita.
9. Nation of Language
A Way Forward (2021)
E agora os NOL, mestres do synth-pop e new wave com influências dos anos 80, posso dizer que foram a melhor descoberta que fiz nos últimos anos, assim como a minha banda favorita dos últimos anos. A Way Forward, é muito provavelmente, o álbum que mais vezes ouvi nos últimos 5 anos! Evocam vibes de The Smiths ou New Order, de forma completamente inovadora e fresca, é totalmente um sentimento de nostalgia analógica com liricismo poderoso e canções que só nos dão vontade de cantar e dançar. É a banda que mais recomendo quando me pedem sugestões musicais!
10. Beach House
Once Twice Melody (2022)
Por último, os Beach House. Mais uma grande referência para os HUMAN NATURES, sendo a banda mais destacada atualmente no universo do dream pop. Foi aqui que descobri a possível divisão de um álbum por capítulos, assim como fiz com o ELECTRIC DREAMS. Once Twice Melody para mim é uma odisseia cinematográfica, onírica e introspectiva. Leva-nos constantemente a flutuar e a sonhar.. e quem não gosta de sonhar?
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