10 álbuns para ouvir esta semana

Francisco Pereira

Apresentamos as nossas escolhas para esta semana: 10 discos de Florence + The Machine, Psychedelic Porn Crumpets, Guided By Voices e muito mais.

Florence + The Machine, Everybody Scream (Polydor / UMG)

Com Everybody Scream, Florence + The Machine entregam o seu sexto álbum de estúdio, sucedendo a Dance Fever (2022). A britânica Florence Welch e a sua banda retornam com uma proposta que mistura majestade orquestral, glamour punk e misticismo, traduzido num regresso envolto em bruxaria, trauma e resiliência. O disco foi produzido em colaboração com nomes como Aaron Dessner e Mark Bowen, e arranca com um refrão que parece invocar o grito ritualístico do rock.

Psychedelic Porn Crumpets, Pogo Rodeo (What Reality? Records)

Os australianos Psychedelic Porn Crumpets regressam com Pogo Rodeo, editado pelo selo What Reality?, aquele que é o seu segundo disco este ano depois do extraordinário Carpe Diem, Moonman de maio. Este álbum representa uma continuação do espírito psicadélico-garage que a banda vem construindo desde Night Gnomes (2022), agora com mais intensidade e balanço entre riffs pesados e melodias perdidas em devaneios. A sonoridade mantém a energia selvagem da Austrália underground, e mostra a banda firme no seu território psic-rock, sem concessões.

Camp Trash, Two Hundred Thousand Dollars (Count Your Lucky Stars Records)

O projecto norte-americano Camp Trash lança hoje o seu segundo LP Two Hundred Thousand Dollars, através da Count Your Lucky Stars. Depois do EP Downtiming (2021) e do álbum The Long Way, The Slow Way (2022), o trio, nascido na Florida e dos sonhos de guitarras pop apressadas, aprofunda o seu fascínio por narrativas de trapaceiros, cultos e con-men, através de canções curtas, intensas e repletas de desejo e ambição. A produção ocorreu em modo live e reflete uma banda que quer escrever grandes refrões, mas sem perder o instinto DIY de garagem.

Chat Pile & Hayden Pedigo, In the Earth Again (Computer Students)

A banda norte-americana Chat Pile e o guitarrista Hayden Pedigo lançam, em colaboração, o disco In the Earth Again. O álbum combina a fúria crua e industrial do noise/sludge rock dos Chat Pile com os arranjos exploratórios e guitarras espirituais de Pedigo, oferecendo um registo sombrio, alucinante e com forte sentido de catástrofe emocional. É uma nova faceta para ambos os artistas, onde o apocalipse sonoro é captado num momento de colapso iminente e reflexão íntima.

Lavoisier, era com h

era com h é o novo longa-duração dos portugueses Lavoisier que marca uma etapa criativa em que Patrícia Relvas e Roberto Afonso ampliam a formação e transformam dez poemas contemporâneos em canções. Depois de trabalhos anteriores como Viagem a um Reino Maravilhoso e da colaboração com as Cantadeiras do Campo do Gerês em Polifonias Singulares Vol. I, este disco aprofunda a relação do projecto com a literatura e a performance, juntando novos músicos à banda e reforçando a sua identidade como um colectivo que cruza música, poesia e teatro, numa proposta íntima e de forte matriz portuguesa.

keiyaA, Hooke’s Law (XL Recordings)

Com Hooke’s Law, a norte-americana keiyaA assina um segundo álbum ambicioso e autoral. O disco editado hoje sucede a Forever, Ya Girl (2020). Escrito, interpretado e em grande parte produzido pela própria ao longo de vários anos, o disco explora a jornada da auto-amor como ciclo (daí o título), misturando neo-soul, R&B e teatro performativo; singles de avanço como “Take It” e “K.I.S.S.” antecipam uma obra que é simultaneamente íntima, política e de corpo inteiro, reafirmando keiyaA como uma voz singular na cena soul contemporânea.

Guided By Voices, Thick Rich And Delicious (GBV Inc.)

Thick Rich And Delicious surge como mais um capítulo da prolífica discografia dos Guided By Voices, liderada por Robert Pollard. Distanciando-se de qualquer ideia de pausa criativa, o álbum sucede trabalhos recentes do colectivo e continua a privilegiar canções curtas repletas de ganchos pop, urgência lo-fi e a inconfundível obsessão de Pollard por melodias imediatas. O disco surpreende no sentido em que mostra como o indie rock que nunca deixa de soar fresco e impulsivo.

Daniel Avery, Tremor (Domino Recording Co.)

Tremor confirma Daniel Avery como um produtor e explorador sonoro em plena forma: um sexto álbum que mistura techno submerso, shoegaze eletrónico e colaborações (Cecile Believe, Andy Bell, Alison Mosshart, entre outros) para criar um corpo de canções que oscila entre a pista de dança e as paisagens contemplativas. Gravado em Londres, Tremor sucede a uma série de trabalhos em que Avery tem vindo a alargar a sua paleta, e aqui aposta numa escrita mais aberta, híbrida e colaborativa — um disco pensado tanto para o DJ-set como para o álbum de escuta atenta.

The Charlatans, We Are Love (BMG)

Os veteranos britânicos The Charlatans regressam com We Are Love, o décimo quarto álbum da banda. Gravado em Rockfield, o trabalho combina a herança do britpop/indie dos anos 90 com uma abordagem contemporânea: guitarras envolventes, organística evocativa e letras que procuram reafirmar um espírito de comunidade e resistência. A banda de Manchester volta a mostrar porque se mantém relevante e madura, ainda fiel às suas referências, mas também com vontade de soar urgente e renovada.

Snocaps, Snocaps (ANTI‑)

Com Snocaps, o novo projecto da dupla de gémeas norte-americanas Katie Crutchfield (conhecida pelo alias Waxahatchee) e Allison Crutchfield (ex-Swearin’), surge um álbum de estreia surpresa. O registo marca o primeiro trabalho conjunto das irmãs desde a dissolução da banda P.S. Eliot em 2011, e conta ainda com a colaboração de MJ Lenderman e do produtor Brad Cook, conferindo uma sonoridade de indie rock amadurecido que mistura harmonias íntimas com guitarras vívidas e melodias directas. Neste álbum, as Crutchfields exploram temas como autonomia, memória e melancolia — uma reconciliação criativa com o passado que soa simultaneamente familiar e renovada.

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