Ana Deus fundou os Três Tristes Tigres com Regina Guimarães no ano de 1992 e passado pouco tempo receberam Alexandre Guimarães (vindo dos GNR). Editaram o primeiro disco, Partes Sensíveis, em 1993 e desde então afirmaram-se com uma das bandas mais importantes da música alternativa em Portugal.
Estão a preparar o lançamento de um novo trabalho. Arca chega em setembro e será o sexto capítulo da banda. Já está disponível para pré-encomenda no Bandcamp. A celebrar este acontecimento, Ana Deus respondeu ao desafio e indicou 8 discos que a influenciaram e ainda hoje continuam a acompanhá-la.
1. Pink Floyd
A Nice Pair (1973)

A Nice Pair foi o meu primeiro álbum dos Pink Floyd. Álbum duplo ainda com Syd Barrett. Foi-me oferecido, já depois de 74, por um moçambicano vindo de Xai-Xai.
Eu ainda era muito miúda e confesso que picava e ouvia muito mais os temas “Bike” e “The Gnome”, que me soavam como canções infantis e só mais tarde fui começando a ouvir e gostar dos outros.
* Nota Mente Cultural: A Nice Pair é um álbum compilação composto pelos dois primeiros discos da banda, The Piper at the Gates of Dawn e A Saucerful of Secrets.
2. Soft Machine
Softs (1976)

Foi o primeiro disco totalmente instrumental de que me lembro de gostar, ainda adolescente
Ouvia-o vezes sem conta deitada no chão de olhos fechados e sentia quase que me alterava molecularmente. Os temas são melódicos e/ou efervescentes.
3. Young Marble Giants
Colossal Youth (1980)

Só conheci o disco já nos finais de 80 e fiquei completamente agarrada pela simplicidade dos arranjos e pela tranquilidade da voz que conseguiam com muito pouco ser completamente originais.
4. Ruby
Salt Peter (1995)

Já nos 90 e bastante envolvida na composição de um dos discos Três Tristes Tigres, o Alexandre deu-me a ouvir este disco. A voz sarcástica e poderosa em cima da produção densa – quase o contrário dos Young Marble Giants) animou-me os dias. Quando gosto dum disco ouço-o compulsivamente.
5. Department of Eagles
In Ear Park (2008)

Das bandas que mais lamento não terem continuado. Com alguns membros dos Grizzly Bear, na voz e nos instrumentos, o disco é maravilhosamente doce com arranjos inspiradíssimos de guitarras e vozes.
6. The Books
The Way Out (2010)

Outra banda que não devia acabar, nunca! Exímios na utilização de samplers e na sua combinação com instrumentos clássicos como o violoncelo. Sentido de humor e gosto que, acredito eu, não prescreverá. Acompanharam-me, e acompanham ainda, durante muitos quilómetros.
7. Aldous Harding
Designer (2019)

Não tenho o disco, mas vi todos os admiráveis vídeos disponíveis no YouTube, assim como os concertos (e revejo muitas vezes a pequena amostra no Tiny Desk com imenso prazer e admiração) deste lote de canções expressivas e inspiradoras
8. B Fachada & Minta & João Correia
Os Sobreviventes (2012)

Foi-me oferecido pelo próprio (B Fachada) e ainda hoje estou muito grata.
A maestria das composições do Sérgio Godinho em maravilhosas versões que desmontam alguma rigidez (própria da época em que foram compostas). A maravilhosa voz da Francisca Cortesão no tema “Paula”. A etérea versão do “Farto de Voar”. Maravilhoso trabalho que acrescenta e que ajuda estes Sobreviventes a sobrevoar mais ainda.