Nation of Language – Dance Called Memory (2025)

Francisco Pereira

Crítica: Nation of Language editam o quarto álbum, Dance Called Memory, pela Sub Pop. Um registo íntimo e nostálgico que aprofunda emoções e synth-pop.

É difícil de acreditar mas Dance Called Memory é já o quarto álbum de estúdio dos nova-iorquinos Nation of Language. É o primeiro trabalho editado através da editora Sub Pop. Antes disso, tivemos Introduction, Presence (2020), A Way Forward (2021) e Strange Disciple (2023), álbuns que nos mostraram uma banda com um som nostálgico e influenciado pelos anos 80, com synths cintilantes, melodias pop eletrificadas, e uma sensação de introspecção. Em Dance Called Memory, há uma clara intenção de aprofundamento emocional, sem perder a vela sonora.

Produzido por Nick Millhiser, que já colaborara com a banda em Strange Disciple, o álbum assume uma paleta sonora mais variada, com texturas que oscilam entre o minimalismo electrónico, nostalgias de synth-pop clássico e momentos mais carregados de melancolia. Ian Richard Devaney, frontman do grupo, explora nesta obra memórias dolorosas e pessoais, como luto, perda e ansiedade, que são temas que já davam para entrever nos discos anteriores, mas que em Dance Called Memory se sentem mais crús e viscerais. O disco também equilibra esses momentos emotivos com faixas em que a energia permanece clara e em que os sintetizadores reluzem com brilho.

Um ponto a favor é Dance Called Memory conseguir parecer pessoal sem se tornar fechado e íntimo sem perder a capacidade de soar universal. Ainda que claramente enraizado numa estética nostálgica, o álbum respira humanidade — isto é, sentimos a voz de Devaney vulnerável, com as imperfeições deixadas propositadamente, e arranjos que permitem espaço para respirar. Também se nota que a edição pela Sub Pop oferece à banda um alcance maior, sem que esse salto de casa discográfica sacrifique a autenticidade dos primeiros trabalhos.

Em resumo, Dance Called Memory é um álbum que confirma os Nation of Language como mais do que simples evocadores de nostalgia synth-pop: é uma banda que sabe usar referências para construir algo emocionalmente genuíno, que consegue combinar brilho electrónico com peso interior. Definitivamente, ganharam o seu espaço.

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