8 álbuns para ouvir esta semana

Francisco Pereira

Esta semana são 8 os álbuns que destacamos para serem acompanhados mais de perto.

FKA twigs, EUSEXUA Afterglow (Atlantic Records)

Com EUSEXUA Afterglow, a visionária FKA twigs regressa com mais do que um simples seguimento: este álbum surge como um novo corpo de trabalho autónomo, ainda que intimamente ligado ao seu antecessor EUSEXUA. Gravado entre 2022 e 2024, o disco aprofunda a narrativa do êxtase, do pós-rave e da libertação sensorial que FKA twigs iniciou, transformando o “afterglow” desse momento de intensidade em paisagens sonoras onde techno, electro-pop e introspecção emocional se fundem.

Ed Harcourt, Orphic (Deathless Records)

Ao fim de mais de duas décadas a moldar um dos percursos mais singulares da música britânica, Ed Harcourt regressa com Orphic, um disco que parece cristalizar tudo aquilo que sempre o tornou especial: a emoção à flor da pele, a escrita minuciosa e a imaginação quase mitológica que atravessa as suas canções como um fio subterrâneo. Desde o impacto inicial de Here Be Monsters — nomeado para o Mercury Prize e ainda hoje uma espécie de marco fundador — que Harcourt vive num território próprio, algures entre o romanesco e o íntimo, onde as melodias se entregam sem vergonha e as sombras dizem tanto quanto a luz.

runo plum, patching (Winspear)

patching, o disco de estreia de runo plum, é um álbum que abraça a imperfeição como método, o fragmento como gesto poético e a colagem como forma de respiração. O título não engana: tudo aqui parece ser costurado à mão, alinhavado com cuidado instável, como se cada faixa fosse uma tentativa de manter de pé algo que insiste em desfazer-se.

Ima Robot, Search and Destroy (Community Music)

Quase vinte anos depois de ter desaparecido na poeira do tempo, Search and Destroy regressa como um artefacto inesperadamente precioso. É um retrato cristalino de tudo o que tornava os Ima Robot tão singulares, tão caóticos e tão impossíveis de encaixar no mapa musical de Los Angeles. Formados por Alex Ebert, antes de se tornar o profeta errante dos Edward Sharpe, Tim Anderson, futuro conspirador de hits para Billie Eilish e Twenty One Pilots; Justin Meldal-Johnsen, o baixista que moldou o som de Beck e M83; Filip Nikolic, Oliver Goldstein e Scott Devours, o grupo parecia uma espécie de supergrupo ao contrário — só mais tarde percebemos a dimensão dos talentos envolvidos — mas, na viragem dos anos 2000, eram sobretudo uma força bruta: eléctricos, selvagens, sempre à beira do caos, a costurar punk, electrónica e vulnerabilidade num único gesto febril.

Citrus Citrus, In The Belly Of The Eternal Draw (Bronson Recordings)

O coletivo psicadélico italiano Citrus Citrus apresenta o seu segundo álbum, intitulado In The Belly Of The Eternal Draw e propõe uma experiência de escuta que evita roteiros e abraça espirais de som e imprevisibilidade. Em vez de uma narrativa linear ou de um único conceito, o disco funciona como um caleidoscópio onde cada faixa revela um ponto de vista diferente: oito canções, oito janelas para mundos fragmentados, sonhos, improvizações e reflexões sonoras que se dissolvem e se transformam. Um disco com muita influência dos King Gizzard & The Lizard Wizard.

Good Health Good Wealth, This Time Next Year We’ll Be Millionaires (Guest List Records)

O duo londrino Good Health Good Wealth chega a This Time Next Year We’ll Be Millionaires com a ambição de transformar a vida urbana contemporânea num retrato íntimo, divertido e por vezes melancólico. Bruce Breakey e Simon Kuzmickas — um local, outro imigrante — misturam sotaques, vivências e influências num disco que soa a Londres por todos os lados, daquela forma meio frenética, meio romântica, em que cada esquina esconde uma história e cada noite pode ser o início de qualquer coisa.

Picture Parlour, The Parlour (Island Records)

Há discos de estreia que chegam como cartões-de-visita bonitinhos e depois há outros que se atiram ao mundo como pequenos universos, já plenamente formados, cheios de códigos próprios, cheiros, cores e um certo magnetismo difícil de traduzir. The Parlour, o primeiro álbum das Picture Parlour, pertence claramente à segunda categoria. Katherine Parlour e Ella Risi aparecem aqui como arquitectas de um espaço imaginário que foi crescendo com elas.

The Spitters, Fake Brutal (Howlin Banana Records)

Há bandas que demoram anos a encontrar o produtor certo, e há encontros fortuitos que mudam tudo. Para os The Spitters, esse momento ocorreu num concerto dos Bad Nerves em Paris, em 2023. A energia da noite, a conversa certa no momento certo e, sobretudo, a presença de Mike Curtis, acenderam uma luz imediata: era ele quem podia dar forma ao disco que já começava a fervilhar dentro da banda de Toulon. Fake Brutal, o quinto álbum do grupo, nasce desse impulso, desse desejo de afinar o ataque e levar a sua procura de eficácia melódica e impacto directo ao nível seguinte.