18 álbuns: as escolhas dos Mind Mojo

Francisco Pereira

Os Mind Mojo explicaram-nos, em 18 álbuns de 9 artistas e bandas, de onde é que vêm as suas influências para o que os faz mover.

Os Mind Mojo são uma banda de Lisboa formada em 2021, composta por Samuel Pacheco (voz e teclas), Hugo Portugal (guitarra) e Bruno Barrué (bateria). Para os concertos ao vivo, juntam-se ainda Mariana Silveira (back‑vocal) e Eduardo Santiago (baixo), completando um alinhamento que reflete a ambição colectiva de explorar sonoridades diversas.

Os Mind Mojo fundem influências de neo-soul, R&B, funk, pop e rock numa paleta sonora elegante e cheia de texturas. As suas composições nascem frequentemente de improvisações coletivas, depois refinadas, e o resultado é um som que se move entre a espontaneidade e o rigor.

No passado dia 15 de outubro, a banda lançou o seu álbum de estreia, intitulado Keep Your Spirits Up, e que foi gravado ao longo de três anos. Este disco é descrito como um exercício de resiliência artística e o título sugere a necessidade de manter a chama criativa acesa, mesmo quando o caminho parece incerto.

Os Mind Mojo são daqueles grupos que parecem ter capturado a essência de uma energia musical crua e contagiante, mas sem nunca perder a consciência da melodia e da narrativa. Desde os primeiros riffs e batidas, a banda construiu um universo próprio, onde o rock se encontra com o soul, o funk com uma pitada de psicadélia, resultando numa sonoridade simultaneamente familiar e surpreendente. Há nos Mind Mojo uma vontade clara de explorar as texturas sonoras, de criar camadas de som que se desdobram em grooves inesperados, mas sempre com uma atenção meticulosa à canção e à experiência do ouvinte.

Para o Mente Cultural explicaram de onde veêm as suas influências num conjunto de 18 discos de 9 artistas diferentes.

Stevie Wonder

1. Songs In The Key Of Life (1976)

2. Innervisions (1973)

Ao longo do nosso percurso existiram álbuns que nos moldaram de forma decisiva e que continuam a ecoar na música que criamos hoje. Keep Your Spirits Up nasce, antes de mais, de uma admiração profunda pelo songwriting de Stevie Wonder: pelas harmonias ricas, pelo sentido rítmico e por melodias imediatamente memoráveis. Songs in the Key of Life funciona para nós como um verdadeiro manual de “como escrever canções”: uma referência a que voltamos continuamente quando procuramos conciliar sofisticação harmónica com refrões que ficam no ouvido. O exemplo mais evidente dessa herança é o refrão de “You’ve Changed”, construído para equilibrar tensão e resolução de uma forma que remete diretamente para a escola de Stevie.

 

D'Angelo

3. Voodoo (2000)

4. Brown Sugar (1995)

5. Black Messiah (2014)

O universo de D’Angelo, cuja abordagem ao groove, ao time feel e à inovação dentro do R&B moldou de forma marcante a nossa identidade sonora. Inspiramo-nos tanto nas inflexões rítmicas e nas linhas melódicas, como no trabalho de backing vocals e nas camadas harmónicas. “Going Through” é influenciado de forma explícita por “Spanish Joint”, presente no álbum Voodoo. Já “Words” inspira-se no RnB mais old school de Brown Sugar, explorando texturas vocais com uma harmonia mais fixa.

Michael Jackson

6. Off The Wall (1979)

7. Thriller (1982)

8. Bad (1987)

Os álbuns de Michael Jackson entram na nossa sonoridade através dos arranjos meticulosos de Quincy Jones e da sua visão de produção. É aqui que aprendemos a importância do “momento” dentro da canção: a pausa certa, a acentuação rítmica inesperada, a entrada de uma nova textura que renova a atenção do ouvinte sem quebrar a unidade do tema.

Prince

9. Musicology (2004)

10. The Rainbow Children (2001)

11. Prince (1979)

12. HITnRUN Phase Two (2015)

De Prince assimilamos sobretudo a energia funk e a liberdade para cruzar mundos, o pulso inconfundível, as guitarras percussivas, as texturas dos sintetizadores bem como a atitude e o risco criativo. Essa influência está particularmente visível em “Pressure”.

Hiatus Kaiyote

13. Choose Your Weapon (2015)

Por fim, Choose Your Weapon dos Hiatus Kaiyote é o nosso guia para a fusão entre o jazz, R&B e neo-soul. A forma como o álbum navega pelo virtuosismo dos músicos, timbres e harmonias contemporâneas inspira-nos a experimentar estruturas rítmicas menos convencionais de forma subtil, voicings alargados e transições harmónicas inesperadas, sempre ao serviço da canção. Em “Wake Me Gently”, essa influência traduz-se nos interlúdios onde a voz tem também espaço para a exploração das suas capacidades como um instrumento.

O nosso som vive, não só, do diálogo dos artistas que mencionámos, mas também de muitos outros. Não são apenas referências, são linguagens que integramos e traduzimos, faixa a faixa, para construir uma identidade que pretende ser, ao mesmo tempo, reconhecível e pessoal.

Erykah Badu

14. Mama´s Gun (2000)

Earth, Wind & Fire

15. I Am (1979)

16. All ´n All (1977)

Don Blackman

17. Don Blackman (1982)

Casiopea

18. Mint Jams (1982)

Junta-te ao CLUB