Cory Hanson, I Love People (Drag City)
O último álbum de Cory Hanson, Western Cum de 2023, apoiava-se na guitarra. Em I Love People, Hanson apresenta-se mais acessível, com uma produção orquestral, com matizes de country e Laurel Canyon da década de 70. A ironia típica de Hanson mantém-se nas letras ricas das canções, que são resultado do estilo narrativo e reflexivo do artista.
Dance Lessons, Beginners (Exotic Creatures)
Dance Lessons são um trio de Londres que mistura pop com jazz experimental, eletrónica e neo-soul num espírito bastante indie. A sua missão é, nas palavras dos próprios, “enganar as pessoas que dizem que não gostam de jazz para que elas realmente gostem”. As canções são exuberantes e emotivas e a banda apresenta uma postura confiante. Os Dance Lessons citam como inspiração David Bowie, Kate Bush, Solange e Róisín Murphy.
DJ Narciso, Capítulo Experimental (Príncipe Discos)
Criado na Linha de Sintra, DJ Narciso carrega a herança angolana no sangue e integra-a no cenário da música eletrónica lisboeta. É uma das caras do movimento BATIDA e do selo alfacinha Príncipe Discos. Num presente em que a música de dança é limada ao extremo, Narciso arrisca-se a experimentar ao máximo, com ritmos irregulares e melodias imprevisíveis que fogem a qualquer linearidade ou convenção.
Folk Bitch Trio, Now Would Be A Good Time (Jagjaguwar)
O trio de Melbourne, Austrália ancora-se na tradição já longa do folk e transporta-a para os dias de hoje. Harmonias a três vozes que nos fazem suster a respiração não podiam faltar, para aqueles que gostam de Peter, Paul and Mary. Os arranjos são íntimos, por vezes acompanhados só por uma guitarra ou mesmo só as três vozes a capella. Now Would Be A Good Time é a estreia de Folk Bitch Trio mas as amigas de escola apresentam uma maturidade ímpar neste conjunto belíssimo de canções.
Giant Claw, Decadent Stress Chamber (Orange Milk Records)
Keith Rankin é o produtor de eletrónica e artista visual por detrás de Giant Claw. As suas colagens pop rasgam as fronteiras do género, formando uma amálgama de pop, glitch, footwork, psicadélia e vaporwave. É uma produção maximalista de corte-e-costura de samples por entre distorção, sintetizadores e baixos desorientantes.
Manslaughter 777, God’s World (Thrill Jockey Records)
A música eletrónica tem-se mostrado um terreno bastante fértil para a experimentação nos últimos anos. O duo Manslaughter 777 composto por Lee Buford e Zac Jones trabalha à base da percussão e cria música eletrónica rítmica. O álbum é uma sequência de texturas agrestes e cruas recorrendo a samples, field sounds, percussão industrial e sintetizadores. Fundem géneros como techno, dub, breakbeat e R&B. É um convidativo caos dançável.
God’s World by MANSLAUGHTER 777
Tyler Childers, Snipe Hunter (Hickman Holler Records/RCA)
Como em todos os álbuns do artista country Tyler Childers, as influências espalham-se ao longo de diversos géneros, como Appalachian folk, rock psicadélico e blues. Todos os projetos de Childers são uma transformação única da tradição e Snipe Hunter não é exceção. Para além de abordar temas como a sua sobriedade, o cantor explora também a espiritualidade.
Welcome Strawberry, Desperate Flower (à La Carte Records/Cherub Dream Records)
Desperate Flowers é o segundo álbum do projeto de Cyrus Vanden Berghe. O artista de Oakland tem ganho fama pela sua pop psicadélica lo-fi, com forte presença da guitarra, aliado ao shoegaze e noise experimental. A passagem do tempo permeia as canções, bem como a memória e a impermanência, recorrendo a metáforas bastante vívidas e sensoriais. É um avanço face ao álbum de estreia, com um som mais refinado mas sempre na ótica do DIY.
Yoshika Colwell, On The Wing (Blue Flower Records)
A música de Yoshika Colwell é profundamente contemplativa. A cantautora habita uma caravana no campo e deixa-se inspirar pela sua envolvência. Segundo a própria, On The Wing é “um santuário sobre aceitação e libertação de antigas amarras”. O liricismo é introspetivo e os arranjos são minimalistas, resultando numa leveza simples mas impactante. É perfeito para quem aprecia a elegância da folk aliada a franqueza emocional.