WATER FROM YOUR EYES
It’s A Beautiful Place começa com a instrumental em gravidade zero “One Small Step” – um prelúdio apropriado para aquilo que é um grande salto para o duo nova-iorquino Water From Your Eyes. O álbum é uma megalópole resplandecente, uma reformulação do cancioneiro do virar do milénio (Y2K) que simultaneamente demonstra deslumbramento e consciência do seu lugar na imensidão. Curtas interlúdios instrumentais funcionam como portais entre canções imponentes e vigorosas. “Acabou por ser sobre o tempo, dinossauros e o espaço,” diz Nate Amos. “Queríamos apresentar uma vasta gama de estilos de uma forma que reconhecesse que tudo isto não passa de um pequeno instante.”
Desde o lançamento de Everyone’s Crushed, em 2023 – o seu álbum de estreia pela editora Matador, incluído nas listas de melhores do ano do The New York Times, The Guardian, Pitchfork, NME, Vogue, Wired e Rolling Stone – Rachel Brown e Nate Amos tornaram-se um pilar da cena musical alternativa de Nova Iorque e uma das suas exportações underground mais respeitadas. Ao vivo, expandiram-se para um quarteto, juntando-se ao guitarrista Al Nardo e ao baterista Bailey Wollowitz, do duo nova-iorquino Fantasy of a Broken Heart. Tocaram em grandes palcos a apoiar os Interpol em digressão.
De regresso a casa, a banda criou uma série de concertos DIY num barco no East River, recebendo amigos no coração da vanguarda musical da cidade, incluindo YHWH Nailgun, Model/Actriz, Frost Children e Kassie Krut. Brown lançou um novo EP sob o pseudónimo thanks for coming, enquanto Amos lançou um álbum muito aclamado com o seu projeto a solo This Is Lorelei.
A dupla gravou a maior parte de It’s a Beautiful Place no verão passado, tal como fizeram com todos os lançamentos anteriores de WFYE: no quarto de Amos, sob o olhar atento de um poster gasto do Robin Williams da era Mork & Mindy. Mas desta vez, grande parte da composição e gravação foi moldada em torno da dinâmica de um grupo ao vivo com sangue na guelra: “Quando tocas com uma banda, tendes a escrever a pensar nisso – esta foi a primeira vez que escrevi algo para WFYE imaginando-nos a tocar noutro sítio que não fosse uma cave.”