As nomeações para os Golden Globes acabaram de sair e, como sempre, Hollywood ganhou um primeiro termómetro sério para a corrida aos Óscares. A cerimónia está marcada para 11 de janeiro de 2026, mas a guerra pelos troféus já começou.
No cinema, o grande vencedor desta fase chama-se Neon, que lidera com 21 nomeações, muito graças ao peso do seu trio internacional – It Was Just an Accident, The Secret Agent e Sentimental Value. Ainda assim, tudo indica que o título a bater será One Battle After Another, que domina a lista com nove nomeações e parece posicionar-se para um quase-varrimento da noite. Logo atrás surgem Sentimental Value (oito indicações) e Sinners (sete), prontas para estragar a festa se a frente começar a vacilar.
Do lado da televisão, a história escreve-se a vermelho Netflix. A plataforma soma 22 nomeações em TV (35 se contarmos também cinema), impulsionada sobretudo por Adolescence, que já tinha limpado os Emmys. A HBO mantém o estatuto de peso pesado com The White Lotus a liderar com seis nomeações, enquanto a Apple marca presença sólida graças a Severance e The Studio.
Surpresas? Algumas bem agradáveis. Os Globos aproveitaram para corrigir certos “pecados” dos Emmys – Diego Luna finalmente reconhecido por Andor e Rhea Seehorn em destaque por Pluribus parecem pequenos actos de justiça atrasada. Também a nomeação de Chloé Zhao por Hamnet em Melhor Realização sugere, esperemos, o fim da era em que realizadoras eram sistematicamente ignoradas.
Já no capítulo dos snubs, há um nome que salta à vista: The Pitt ficou-se por apenas duas nomeações, um número curto face ao burburinho crítico e de público à volta do filme. Algo semelhante acontece com o muito falado drama da Netflix protagonizado por Joel Edgerton como trabalhador ferroviário no início do século XX: o filme garantiu presença nas categorias de ator e canção original (assinada por Nick Cave e Bryce Dessner), mas ficou inexplicavelmente de fora de melhor filme e argumento – sub-representado é pouco.
Outra frente polémica continua a ser o prémio para “Cinematic and Box Office Achievement”, introduzido há dois anos e que muitos vêem como uma espécie de “menção honrosa” para blockbusters amados pelo público mas considerados “menores” para Melhor Filme. Depois de Barbie e Wicked terem vencido nas edições anteriores, a lista deste ano – que inclui Wicked: For Good, Zootopia 2, KPop Demon Hunters e Avatar: Fire and Ash – mantém a sensação de categoria meio envergonhada: todos sabemos quais foram os filmes que fizeram mais dinheiro, não é preciso um troféu só para isso.
No campo das interpretações, os Globos podem muito bem marcar o início de uma espécie de “tour de redenção” para Springsteen: Deliver Me from Nowhere. Jeremy Allen White chega com nomeações tanto por este biopic como por a quarta temporada de The Bear, depois de um ano em que ambos os trabalhos dividiram audiências e crítica. Se vencer aqui, o filme pode ganhar novo fôlego na corrida a Melhor Filme nos Óscares.
Finalmente, a grande novidade estrutural passa pela ainda recente categoria de Melhor Podcast, alimentada pelas 25 audições mais populares do ano. A lista incluiu nomes como Armchair Expert with Dax Shepard, Call Her Daddy, Good Hang with Amy Poehler, The Mel Robbins Podcast, SmartLess ou Up First da NPR. Repare-se também nas ausências: nada de Joe Rogan, Ben Shapiro ou Theo Von – sinal claro de que os Globos, pelo menos aqui, preferem “conversas de sofá” a polémicas político-ideológicas.











