O Brutalista: arquitetura, sonhos e polémica digital

Eduardo Marino

Mais do que um drama biográfico, O Brutalista funciona como uma metáfora sobre sacrifício, identidade e o custo de perseguir um ideal.

O Brutalista acompanha László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto judeu húngaro que, depois de sobreviver ao Holocausto, emigra para os EUA em 1947. Acompanhado posteriormente pela sua mulher, Erzsébet (Felicity Jones), sonham com um novo começo, mas depressa descobrem que o “sonho americano” não é tão cor-de-rosa como se pinta. Entre projetos ambiciosos e clientes duvidosos, a vida do casal dá algumas voltas inesperadas, com um magnata a mudar-lhes o destino para sempre.

O filme levanta questões sobre imigração, sucesso e até sobre o preço de manter a integridade num sistema que nem sempre joga limpo.
O filme de Brady Corbet está bem cotado para os Óscares, arrecadando 10 nomeações, incluindo Melhor Filme, Melhor Realização (Brady Corbet), Melhor Ator Principal (Adrien Brody), Melhor Ator Secundário (Guy Pearce), Melhor Atriz Secundária (Felicity Jones), e Melhor Argumento Original.

Uma bela conquista para um filme que começou como um projeto independente e acabou a conquistar os grandes festivais.
Como não há prémios sem polémica, “O Brutalista” deu que falar pelo uso de inteligência artificial na pós-produção. Especificamente, foi usada para suavizar os sotaques húngaros dos atores principais, o que dividiu opiniões. Uns dizem que é um avanço tecnológico útil, outros acham que é um passo perigoso para a autenticidade do cinema. O realizador garante que foi só um retoque mínimo, mas o debate sobre IA no cinema está longe de terminar.

O Brutalista tem uma duração de cerca de 3 horas e meia, o que dá tempo suficiente para nos afundarmos na sua atmosfera intensa e contemplativa. Não é daqueles filmes que passam a correr, mas também não se arrasta sem necessidade. O ritmo é marcado pelo desenvolvimento da história e por uma banda sonora e uma estética visual imponentes, encaixando bem na proposta de uma narrativa mais densa e emocional.

Para quem gosta de filmes que deixam espaço para respirar e absorver cada detalhe, esta duração é bem ajustada. O mesmo não se poderá dizer para os mais impacientes…

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