Os Trêsporcento regressam às edições com o novo single “Dedicados”.

Francisco Pereira

"Dedicados" é a primeira canção da banda lisboeta a ser lançada em 8 anos, antecipando um disco a editar ainda em 2025.

O que é feito dos Trêsporcento? A pergunta surgia sem ser provocada, mas não apanhava a banda de surpresa. Uns tempos antes eram os próprios Trêsporcento a perguntar-se o mesmo. O fim nunca fora anunciado; um hiato nunca fora planeado; a ideia não tinha sido abandonada. O que era feito então dos Trêsporcento?

Pouco tempo depois do lançamento do último longa-duração (Território Desconhecido, 2017), a banda chegou a gravar material para o arranque de um novo trabalho, em formato alargado, com a contribuição de músicos que acompanharam a banda em palco ao longo dos anos. Foi em dezembro de 2019, três meses antes do Grande Confinamento de 2020. “Meses depois, do outro lado dessa experiência, percebemos que tínhamos perdido o contacto com o espírito que dera origem à escrita desse material e esse projeto morria”, refere a banda.

Entre trabalhos a solo e famílias a crescer, compromissos profissionais e distâncias físicas, a ideia “Trêsporcento” perdia vitalidade. Teria acabado? Estariam os seus elementos interessados em matá-la definitivamente?

Houve uma reunião geral convocada. Apesar da inatividade da banda, os convites para atuações ao vivo resistiam. Uma decisão impunha-se, e foi exigida. As respostas chegaram, uma a uma, com assertividade. Os Trêsporcento nunca foram um projecto, nunca foi um plano; foi, é, e continuará a ser o resultado da comunhão dos cinco músicos que compõem a banda sempre que estes se encontrem juntos na mesma sala. Uma história de experiências partilhadas fez com que esses cinco músicos sejam hoje acompanhados por um grupo de pessoas que tornaram essenciais à concretização da ideia dos Trêsporcento e que foram os primeiros a validar – a exigir – o regresso ao trabalho de estúdio.

Dedicados é o primeiro tema de avanço de um disco que verá a luz do dia ainda em 2025 e que marca o regresso ao formato preferido da banda: gravações em ensemble, numa linha de continuidade entre a sala de ensaios e o estúdio de gravação – que desta vez é o Namouche, em Lisboa. ​​Mais do que trabalhar para atingir um resultado planeado, os Trêsporcento voltam a dar prioridade ao processo como resultado em si mesmo. É com impaciência que esperam o momento de poder mostrá-lo a toda a gente.

A produção ficou a cargo de ​JP Mendes (que é também o responsável pela identidade visual do novo trabalho), as gravações foram feitas pelo ​Diego Salema Reis (que também masteriza)​ e a mistura fic​o​u a cargo de ​Eduardo Vinhas​. A capa, por sua vez, pertence ao colectivo ABCC (formado por ​Alexandre Camarao e ​Bernardo Simões Correia​).

​Os Trêsporcento têm no seu currículo três álbuns de originais – Hora Extraordinária (2011), Quadro (2012) e Território Desconhecido (2017) – além de um registo ao vivo, Lotação 136, gravado no Teatro Aberto (2014).

* fotografia de Iolanda Pereira

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