Rum Jungle – Recency Bias (2025)

Francisco Pereira

O quarteto australiano de rock alternativo Rum Jungle é um poço de trabalho. Passam a semana a gravar em sessões contínuas de estúdio e depois, aos fins de semana, tocam um pouco por todo o lado. O seu álbum de estreia, Recency Bias, foi lançado no passado dia 21 de fevereiro. Agora está na altura de ouvir esta viagem. Este disco é sobre introspeção e reconexão após longos períodos longe de pessoas queridas. Ao mesmo tempo, é poeticamente equilibrado até na sua lista de faixas, abrindo com “Hi, Hello” e fechando com “Pass You By”.

Há uma miscelânea de inspiração nestas faixas, incluindo indie dos anos 2000, que pode ser ouvida, por exemplo, em “Mad Man”. É uma canção que tem um som um pouco mais divertido em comparação com as músicas anteriores do disco, que têm efeitos um pouco mais pesados. Mas depois, ouvindo “Chauffer”, somos transportados de volta aos anos 60 com algumas guitarras psicadélicas. É uma música cativante.

Recency Bias é um álbum cheio de emoção, o próprio título revela as preocupações que os membros têm enfrentado com a sua própria discografia. Ou seja, há uma constante disputa de poder entre as músicas antigas e as novas. Quando questionados sobre qual o seu álbum favorito, a maioria dos artistas menciona o seu último trabalho. É natural, para os artistas de um modo geral, favorecerem as peças que criaram mais recentemente. Existe o pressuposto de aprender e crescer sempre em criatividade. No entanto, isto foi tão relevante para os Rum Jungle neste ciclo de composições que as faixas mais antigas, neste processo, acabaram na sala de edição.

O álbum tem uma grande variedade de ritmos, e não encontramos duas faixas iguais. Em “Don’t Be A Stranger” há um ritmo meio staccato, como se estivesse a imitar alguém a caminhar ao nosso lado. Enquanto em “Weathers Better”, para sermos honestos, soa-nos mais como um sucesso indie de verão. Embora a música seja o elemento mais evocativo deste álbum, há também algumas letras lúdicas e imaginativas. A faixa de encerramento “Pass You By” parece o culminar de todas as influências envolvidas no álbum. Embora a letra pareça aludir a um amor passado em que o momento não chegou, não é uma canção triste. É quase como se a melodia soubesse algo que o letrista desconhece, o que a torna estranhamente esperançosa.

De baladas lentas e doces a números punk estridentes, Recency Bias é agradavelmente nostálgico, apesar de ser o primeiro da banda. É um título curioso no que diz respeito a uma estreia, mas pode servir como um lembrete enquanto viajam pelo seu futuro criativo.

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