runo plum – patching (2025)

Francisco Pereira

runo plum lança patching, o seu álbum de estreia: um registo indie-folk íntimo, honesto e emocional, onde transforma ansiedade, fragilidade e cura em canções delicadas e melancólicas.

Temos estado a falar de vez em quando de runo plum, revelando os singles que tem estado a lançar ao longo do ano. Primeiro foi “Lemon Garland“, depois “Sickness” e por fim, “Pond“. Porque nos fez muito sentido, porque gostamos de Billie Marten (e muito), Angel Olsen, Haley Heynderickx… Vocês percebem a ideia.

Após anos a publicar composições mais intimistas na internet, runo plum estreia-se com este álbum que assinala o momento em que se afirma como compositora e artista com ambição clara. O disco apresenta-se de forma mais estruturada, com uma banda e produção cuidada.

patching nasce de um desmoronar emocional causado por uma má fase amorosa, ansiedade e incertezas e da vontade de transformar os fragmentos dessa angústia em música. A estética sonora opta pela delicadeza com guitarras de doze cordas, timbres calorosos de violão envelhecido, produção simples mas honesta, e a voz de runo a flutuar entre a vulnerabilidade e a firmeza. É um registo que traduz a dor em melodias suaves e atmosferas melancólicas e também em pequenas luzes de esperança.

O álbum funciona como um diário emocional realista embora não dramático. As letras são honestas com uma sinceridade discreta e confrontam fantasmas interiores ao mesmo tempo que procuram a lenta reconstrução, o redescobrir de si e o desejo de seguir em frente. A capacidade de transformar esse turbilhão íntimo em som que respira, com variações subtis de intensidade, momentos de quietude e de distorção, de introspecção e de exteriorização, revela-nos runo plum como uma artista que sabe usar a música como espaço terapêutico.

Esta estreia marca não apenas um capítulo pessoal, mas também uma afirmação estética com runo plum a integrar-se numa tradição de indie-folk/rock íntimo que privilegia a emoção pura com realismo e feridas reais.

patching não é um disco exuberante ou barulhento. É o som de alguém que desmonta e remonta as peças de si mesma, timbre por timbre, palavra por palavra.

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