S.G. Goodman – Planting By The Signs (2025)

Francisco Pereira

Crítica: S.G. Goodman regressa com o álbum 'Planting by the Signs', um disco íntimo que reflete luto, natureza e raízes do sul dos EUA.

S.G. Goodman regressa com o seu terceiro álbum, Planting by the Signs, lançado no passado mês de junho, e traz-nos algo que soa intimamente enraizado na terra que a criou. Este disco parece ter nascido da pausa necessária, do fim de uma longa digressão, das perdas — o seu cão e o seu mentor — mas também das conversas silenciosas com a natureza e as histórias ancestrais que ouviu em criança sobre plantar segundo as fases da lua. A ideia não era apenas botanizar, era sincronizar a vida com algo maior, algo que se sente pulsar em cada nota.

Musicalmente, o disco encontra um equilíbrio delicado entre o rústico e o etéreo. A voz de S.G. Goodman, mais profunda e contida do que noutros trabalhos, desliza por cima de arranjos simples, mas cinematográficos — como se a tarde pesada do sul se estendesse através dos espaços entre as palavras. Há momentos em que nos dá a sensação de que ela nos está a guiar pela sua terra natal, mostrando flores, contando segredos, enquanto um piano distante ou uma guitarra tremeluzente segura o silêncio connosco.

Há quem diga que os bons discos não se medem pelas músicas que os compõem, mas pelos silêncios que deixam depois de acabados. Este é um desses casos. Planting by the Signs sabe a luto transformado em generosidade. Em canções como “Snapping Turtle”, somos transportados para o meio de uma memória vívida — crianças a agredir uma tartaruga, a artista intervém com uma empatia feroz, e de repente percebemos que a bondade pode ser tão contundente quanto a violência. E em “Michael Told Me” sentimos todo o peso da ausência de um mentor, a dor que se respeita, mas também que se canta.

Este álbum é, acima de tudo, um regresso às origens — literal e emocional. S.G. Goodman reconcilia-se com quem foi, mas também com quem está agora: ela, a sua voz, o seu campo raquítico e a coordenação cósmica das fases lunares. É sentir que o nosso fado, a nossa pequena história, pode ser grande o suficiente para ter lugar no universo. Planting by the Signs é íntimo, sensível e firme — uma colheita de cuidados, letra a letra, que faz quem ouve encontrar um lugar de respiro e pertença, entre o pó da terra e o brilho distante das estrelas.