Vida e Morte nas Cidades Geminadas

Sérgio Godinho

Edição: Fevereiro 2024

As histórias de amor podem terminar para logo recomeçarem com novas personagens. O que nos mostra como a vida pode ser cómica e desastrada – e não ter fim.

Tudo começa com um diálogo insólito, e já um pouco alcoolizado, do qual resulta a geminação de duas cidades. Uma em França; outra em Portugal – Compiègne e Guimarães. Com ela, aparecem também personagens que completam a ligação entre esses dois mundos que, antigamente, conheciam os trânsitos da emigração e da pobreza: todas elas vivem em redor de Amália (portuguesa, que canta fados em ré e tem o apelido Rodrigues) e de Cédric (francês, que trabalha na morgue local).

Entre Amália e Cédric nasce um amor cheio de coincidências e dificuldades: nasceram no mesmo dia e no mesmo ano. Apesar de ela ter nascido em Guimarães (cidade de indústria e comércio no coração do Minho) e ele em Compiègne, partilham as mesmas perplexidades, a mesma busca por uma identidade e a mesma sede de amor, entrando em conflito com o passado e com o presente. O confronto é por vezes burlesco, por vezes enternecedor, mas também trágico, sombrio e multicolorido. São o humor e a graça que determinam como é a vida – e se pode escapar à lei da morte.

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