Wicked for Good encerra a adaptação cinematográfica do musical que, por sua vez, nasceu do romance de Gregory Maguire. Depois de uma primeira parte que funcionou quase como uma festa de apresentação — com energia, revelações e canções icónicas — esta segunda metade tenta fechar todas as linhas narrativas, explicar o destino das personagens e chegar ao grande final já conhecido pelos fãs do palco. Só que, no ecrã, o impacto é bem menor.
A história volta a seguir Elphaba (interpretada novamente por Cynthia Erivo) no momento em que abraça definitivamente o rótulo de “Bruxa Má do Oeste”, ao mesmo tempo que Glinda (Ariana Grande) se vê empurrada para o papel de heroína oficial de Oz — quer o queira, quer não. Os temas de sempre continuam lá: poder, manipulação pública, amizade ferida e a eterna pergunta sobre quem define realmente o que é “bom” e o que é “mau”. Mas, ao contrário da primeira parte, aqui o ritmo torna-se mais irregular. Há sequências demasiado longas, explicações acumuladas e uma sensação de que tudo podia ter sido contado com mais foco.
Musicalmente, nota-se a diferença: as canções desta metade são menos conhecidas e menos marcantes. Falta-lhes aquele imediatismo que fez “Defying Gravity”, “Popular” ou “The Wizard and I” entrarem para o imaginário popular. A partitura continua competente e fiel ao original, mas a segunda parte vive mais de resolução narrativa do que de momentos musicais que levantam a sala.
Ainda assim, há méritos evidentes. A química entre Erivo e Grande mantém-se, e o trabalho visual continua impressionante — mesmo quando a história se arrasta. A realização tenta equilibrar o tom sombrio de Elphaba com a crescente pressão sobre Glinda, mostrando como ambas acabam presas a papéis que nunca escolheram verdadeiramente. É precisamente quando o filme regressa a esta tensão — o coração da primeira parte — que recupera alguma força.
Há também uma mudança clara de tom: há mais drama e menos comédia, e isso torna o filme mais pesado, mais sério e, por vezes, menos envolvente. Onde a primeira parte equilibrava humor, espetáculo e emoção, esta segunda metade mergulha quase exclusivamente nas tensões políticas de Oz, nas feridas entre Elphaba e Glinda e na sombra crescente que se instala sobre ambas. O resultado é um capítulo final que aprofunda o conflito, mas perde alguma da leveza e do encanto que tornaram o primeiro tão imediato — como se a história, ao tentar ser mais adulta, sacrificasse parte do prazer que o universo de Wicked costuma oferecer.











