10 álbuns para ouvir esta semana

Francisco Pereira

Apresentamos as nossas escolhas para esta semana: 10 discos de Bahamas, Spiritual Cramp, The Lemonheads, Inês Sousa e mais.

Bahamas, My Second Last Album (Brushfire)

Bahamas, o projeto artístico de Afie Jurvanen, lança este My Second Last Album, o seu sétimo álbum de estúdio. Enquanto que, para o trabalho anterior, Bootcut (2023), Jurvanen gravou em Nashville com músicos de estúdio, para este disco ele gravou na sua própria casa, na província de Nova Escócia, num estúdio caseiro. Foi o próprio, juntamente com o produtor/co-músico Joshua Van Tassel que tocaram a maioria dos instrumentos e neste novo disco, eventualmente o penúltimo como Bahamas, o músico parece melhor que nunca.

Antibalas, Hourglass (Daptone Records)

Com Hourglass, o coletivo afrobeat nova-iorquino Antibalas retoma as suas raízes instrumentais, deixando de lado as letras explícitas que tratavam de temas como patriarcado, capitalismo ou nacionalismo. O álbum inclui composições de membros atuais e antigos do grupo, e explora grooves, sopros e fusões que remetem tanto ao afrobeats clássico quanto a experimentações mais libertas. Os Antibalas foram fundados por Martín Perna e têm fama de ser um dos nomes centrais da cena afrobeat contemporânea nos EUA, e este álbum aparece como o seu oitavo disco de estúdio.

Ax and the Hatchetmen, So Much To Tell You (Arista Records)

Com So Much To Tell You, os Ax and the Hatchetmen fazem a transição definitiva de promessa local a nome a levar a sério na cena indie-rock americana. O sexteto de Chicago, liderado por Axel Ellis, estreia-se em formato álbum com um trabalho que sintetiza anos de estrada, EPs e singles. Produzido por Jake Sinclair — que trouxe à mesa o espírito dos Weezer ou dos Panic! At The Disco, além de um improvável encontro com Albert Hammond Jr. e uma demo resgatada de Rivers Cuomo —, o disco é uma festa de guitarras luminosas, grooves dançáveis e melodias que equilibram euforia e vulnerabilidade.

BBQ Pope, Unfurl (Independente)

O trio de Toronto BBQ Pope celebra dez anos de atividade com Unfurl, um segundo álbum que refina a sua mistura crua de garage, psicadelismo e punk, acrescentando novas camadas de shoegaze, pós-hardcore e até britpop. São nove canções que refletem sobre o luto, o crescimento e a vida sob um capitalismo em colapso, mas sempre com a energia irreverente que os caracteriza.

Home Counties, Humdrum (Alcopop! Records)

Gravado com Al Doyle dos LCD Soundsystem, Humdrum confirma os Home Counties como uma das bandas mais inventivas a sair do leste de Londres na última década. O segundo álbum mergulha nas tensões da comunicação moderna, na ansiedade e na sobrecarga mental, num diálogo constante entre as vozes de Will Harrison e Lois Kelly. Combinando grooves nervosos, sintetizadores que oscilam entre o hedonismo e o desconforto, e refrões de pop afiado, o disco é um retrato vibrante da era da sobrecognição — e uma prova de que a confusão também pode soar irresistível.

Inês Sousa, Mikado (Louva-a-Deus)

Depois de uma dupla entrada em cena com “Tornado” e “Ainda”, Inês Sousa dá o passo decisivo com Mikado, o seu aguardado álbum de estreia. Editado pela Louva-a-deus, o disco apresenta dez temas originais e dois interlúdios que revelam uma compositora plenamente consciente da sua identidade, capaz de entrelaçar melodias de indie pop com uma escrita intimista, lúcida e emocionalmente rica.

Spiritual Cramp, Rude (Blue Grape Music)

Depois de um início fulgurante com EPs e um álbum homónimo, os Spiritual Cramp de São Francisco regressam com Rude, um segundo disco que amplia a sua visão do punk contemporâneo. Produzido por John Congleton e misturado por Carlos de la Garza, o álbum leva o grupo a um novo patamar, abrindo espaço para colaborações como a de Sharon Van Etten e uma escrita mais coletiva e expansiva. Entre o punk clássico, o new wave e até ecos de dub e hip-hop, Rude é um exercício de liberdade e coesão, onde a fúria encontra introspeção — e onde cada faixa soa a uma catarse partilhada.

Tortoise, Touch (International Anthem)

Touch marca o primeiro álbum novo do coletivo pós-rock de Chicago, Tortoise, desde The Catastrophist (2016). O álbum preserva a abordagem colaborativa da banda — cujos membros incluem Jeff Parker, John McEntire, Douglas McCombs, John Herndon e Dan Bitney — e expande o seu cardápio sonoro com gestos grandiosos: elementos de krautrock, techno fragmentado, paisagens sonoras amplas e uma estética cinematográfica.


The Lemonheads, Love Chant (Fire Records)

Depois de mais de uma década de silêncio, Evan Dando regressa com Love Chant, um disco que soa tanto a redenção como a recaída — um retrato cru e luminoso de quem sobreviveu às tempestades do passado. Gravado em São Paulo com Apollo Nove e contando com velhos cúmplices como J Mascis e Juliana Hatfield, o álbum mistura o power pop melancólico e lo-fi dos anos 90 com uma energia solta e confessional. Entre riffs dissonantes, melodias frágeis e letras que encaram de frente vícios, rupturas e renascimentos, Dando reencontra a sua voz.

Circa Waves, Death and Love Part 2 (Lower Third/[PIAS])

Com Death & Love Pt. 2, os Circa Waves concluem a narrativa emocional iniciada no início do ano com Death & Love Pt. 1 — o disco em que Kieran Shudall exorcizava o trauma de uma cirurgia cardíaca de emergência e a súbita consciência da mortalidade. Agora, no segundo capítulo, a banda de Liverpool vira o espelho para a luz, transformando sobrevivência em celebração. Produzido pelo próprio Shudall, o álbum equilibra introspeção e vitalidade num registo de indie rock dançável e luminoso, com influências que vão dos Phoenix aos The Strokes.