David Byrne, Who Is the Sky? (Matador Records)
David Byrne regressa sete anos depois com um disco que transborda otimismo em tempos sombrios: Who Is the Sky? é uma obra barroca-pop, interpretada com o ensemble Ghost Train Orchestra e abrilhantada por colaborações como Hayley Williams e St. Vincent. Os arranjos variam entre mariachi festivo e ritmos latinos, passando por cordas evocativas e harmonias vocais plenas de leveza. É um álbum pensado como antídoto para a divisão social, com um toque de brincadeira e muita criatividade.
Shame, Cutthroat (Dead Oceans)
A banda britânica Shame retorna com Cutthroat, um álbum incisivo e feroz, com groove, eletrónica e indignação visceral. O disco abre com um ataque sonoro — o tema-título soa a pista de dança indie carregada de atitude — e segue com faixas que mesclam cowpunk, grunge e referências Madchester. Com produção de John Congleton, o resultado é um disco feroz e divertido na intensidade, ideal para ouvintes que buscam verdade crua e riffs afiados.
Big Thief, Double Infinity (4AD)
Os Big Thief continuam a explorar a alma com Double Infinity, um disco delicado e introspectivo que navega entre reflexões espirituais e emoção pura. Envolvido por ambientes minimalistas e vozes sinceras, o trabalho é um convite à contemplação e à recolha de significados mais profundos além da superfície quotidiana.
Minta & the Brook Trout, Stretch (Fundação GDA / edição independente)
O quinto álbum dos Minta & the Brook Trout, Stretch, é um trabalho que honra o próprio nome: uma criação elástica, prolongada ao longo de mais de um ano, entre o verão de 2024 e setembro de 2025. Gravado de forma fragmentada e paciente, o disco reúne oito canções que equilibram delicadeza e detalhe, incluindo os singles “Cantaloupe”, “Random Information” e “Please Make Room For Me Please”. Francisca Cortesão e a sua banda expandem-se com convidados como Tamara Lindeman (The Weather Station) e Shelley Short, sem perder a intimidade e o calor que sempre caracterizaram a sua música.
Suede, Antidepressants (BMG)
Com o seu décimo álbum, Antidepressants, os Suede abraçam uma estética pós-punk gótica, mais sombria e intensa, dizendo adeus ao brilho de Autofiction e abraçando guitarras tensas e atmosferas carregadas. Ainda que permeado de melancolia e paranoia, o disco oferece momentos de lirismo dramático, convidando a uma experiência sonora carregada de emoção crua.
La Dispute, No One Was Driving the Car (Epitaph)
La Dispute regressam com um álbum conceptual e pós-hardcore que mergulha em narrativas intensas e paisagens emocionais densas. No One Was Driving the Car destaca-se como uma jornada introspectiva, onde cada faixa parece arrancar algo profundo da vida quotidiana, transformando-o em arte sonora.
Curtis Harding, Departures & Arrivals: Adventures of Captain Curt (ANTI-)
No seu novo álbum, Curtis Harding continua a consolidar a sua posição como um dos mais interessantes arquitetos do soul contemporâneo. Departures & Arrivals: Adventures of Captain Curt é descrito como uma viagem, uma espécie de narrativa em movimento que funde soul clássico, psicadelismo, gospel e R&B moderno. O disco apresenta Harding como um “viajante sonoro” que transporta a herança da música negra para o futuro, com canções carregadas de groove, emoção e espiritualidade. É também um trabalho que mostra a sua maturidade como compositor e intérprete, expandindo o seu universo sonoro sem perder a identidade.
Saint Etienne, International (Heavenly Recordings)
International marca a despedida dos Saint Etienne, e é um álbum que soa tanto a celebração como a epílogo. Combinando pop elegante, eletrónica subtil e uma melancolia doce, o disco reafirma o legado de uma das bandas mais singulares da pop britânica alternativa. Ao longo das suas canções, sente-se uma reflexão madura sobre tempo, viagem e pertença, como se a banda estivesse a oferecer um último postal sonoro antes de fechar o livro. É uma despedida discreta mas grandiosa, tão internacional quanto íntima.
Lucrecia Dalt, A Danger to Ourselves (RVNG Intl.)
No novo A Danger to Ourselves, Lucrecia Dalt reafirma-se como uma das vozes mais singulares da música experimental contemporânea. O disco, co-produzido com David Sylvian, é uma obra de paisagens sonoras evocativas, onde o silêncio e a tensão têm tanto peso como a melodia. As composições de Dalt misturam electrónica minimalista, poesia e texturas cinematográficas, criando um álbum que é ao mesmo tempo enigmático e profundamente emotivo. É uma experiência sensorial que desafia géneros e expectativas, consolidando a artista como referência da exploração sonora moderna.
Cut Copy, Moments (Cutters Records)
Os australianos Cut Copy regressam com Moments, mais uma viagem pelo seu território característico de synthpop dançável e atmosférico. O disco junta batidas suaves, refrães luminosos e uma produção que evoca tanto a nostalgia dos anos 2000 como a sofisticação do presente. É música feita para dançar, mas também para escutar com atenção aos detalhes, mostrando que a banda continua a reinventar-se dentro da sua identidade eletrónica. Moments é a prova de consistência e longevidade de um grupo que sabe sempre equilibrar euforia e melancolia.
Pickle Darling, Bots (Father/Daughter Records)
Bots é o novo álbum de Pickle Darling, alter ego de Lukas Mayo, e talvez o seu trabalho mais intricado e ousado até hoje. Criado entre falhas de computador, ficheiros caóticos e loops distorcidos, o disco explora o choque entre o digital e o orgânico, traduzindo-se num conjunto de canções frágeis e estranhamente belas. A vulnerabilidade das letras, as vozes sussurradas e os arranjos cheios de pequenos detalhes sonoros criam um mundo íntimo e emocional, onde cada audição revela novas camadas. É um álbum que questiona identidade, memória e ligação no mundo digital, mas que nunca deixa de ser humano até ao osso.
Faithless, Champion Sound (Sony BMG)
Os Faithless regressam com Champion Sound, um álbum que resgata a energia explosiva do seu melhor período, combinando batidas pulsantes, vocais icónicos e uma produção feita para arenas e festivais. O disco é simultaneamente nostálgico e renovador, mantendo a força de hinos de dança eletrónica e explorando novas texturas que não soam presas ao passado. É um regresso sólido de uma banda que continua a dominar a arte de transformar beats em experiências quase espirituais.
Red Rum Club, Buck (Modern Sky UK)
Para terminar, os Red Rum Club regressam com Buck, um álbum que confirma a sua ascensão da cena indie de Liverpool para palcos de dimensão cada vez maior. Após o sucesso de Western Approaches e passagens por Glastonbury e Reading & Leeds, a banda lança aqui o seu disco mais ambicioso e polido. As canções são expansivas, cheias de energia e confiança, com singles como “Crush Tx” e “American Nights and English Mornings” a destacar-se pela força melódica e pela marca registada do trompete de Joe Corby. Mas o disco não é apenas sobre grandiosidade: há espaço para baladas melancólicas e experimentação sonora, tornando-o o trabalho mais completo e maduro da banda até hoje.