5 álbuns: As escolhas de Mazgani

Francisco Pereira

Mazgani vai subir ao palco do Coliseu de Lisboa e do Cine-Teatro de Amarante para apresentar 'Cidade de Cinema' e escolheu 5 discos que mais o marcaram.

Mazgani, cantor iraniano-português, editou no final do ano passado o seu primeiro disco integralmente em português. Cidade de Cinema é a cereja no topo do bolo de uma carreira sólida e inequívoca.

Este disco é a continuação da afirmação do seu espaço enquanto um dos mais criativos e coerentes artistas portugueses. No dia 1 de outubro vamos poder assistir à apresentação deste trabalho num concerto imperdível que vai contar com a presença de Mick Harvey e Amanda Acevedo. Vai acontecer no Coliseu de Lisboa e no dia seguinte no cine-teatro de Amarante.

Pedimos a Mazgani que nos dissesse os discos e artistas que mais o influenciam. O resultado foi este.

1. The Pogues

If I Should Fall From Grace with God (1988)

A vida nunca mais foi como era em 1988. Descobri o 16 Lovers Lane dos Go-betweens na rádio, saiu o Tender Prey do Nick Cave and The Bad Seeds, o primeiro disco dos House of Love (o meu primeiro concerto no Coliseu dos Recreios), o Surfer Rosa dos Pixies, discos que se misturavam com os dias, com os amigos e com os primeiros amores.

Mas o melhor disco deste ano é o If I Should Fall from Grace with God” dos The Pogues e o Shane Macgowan continua a ser o mais abençoado dos cantores.

2. Leonard Cohen

Songs of Leonard Cohen (1967)

Este disco foi uma espécie de aparição da nossa senhora na aparelhagem do meu quarto. Parecia estar a ouvir um profeta a arder, a caminhar por paisagens áridas, por desertos de solidão e de grandes amores, a lutar pela própria vida. Sentia que estas canções tinham sido escritas para mim, e que tinha encontrado o sarilho que procurava. Não me enganei.

3. Timber Timbre

Timber Timbre (2009)

Se as canções do Leonard Cohen não fossem à prova de bala, ele não se safava com as produções manhosas de alguns dos seus discos dos anos 80 e 90. Aqui encontramos o oposto; belíssimas canções erigidas com grande sofisticação e economia. Taylor Kirk é um extraordinário esteta que constrói paisagens cinemáticas com poucas pinceladas, deixando ao ouvinte espaço para construir os seu próprio disco.

4. PJ Harvey

Let England Shake (2011)

Este disco é monumental. Produzido pela própria, por John Parish e Mick Harvey, estas canções encontram os três músicos em estado de graça, mestres do seu ofício a fazerem um álbum realmente único e original. Tive a oportunidade de os ver ao vivo na Aula Magna (as duas noites) e fiquei espantado com o despojamento e a fragilidade com que o espectáculo foi montado, tornando a vulnerabilidade com que se apresentavam na verdadeira força da sua actuação.

5. Lucrecia Dalt

A Danger to Ourselves (2025)

Comecei a ouvir este disco há uns minutos, enquanto escrevo este texto e, para já, estou a gostar muito. O Ay! de 2022 é excelente e por isso vou-lhe dar o benefício da dúvida e passar este cheque em branco, porque estou muito curioso em relação ao novo trabalho.

Se não for bom, devolvo-lhes o dinheiro.