Mazgani, cantor iraniano-português, editou no final do ano passado o seu primeiro disco integralmente em português. Cidade de Cinema é a cereja no topo do bolo de uma carreira sólida e inequívoca.
Este disco é a continuação da afirmação do seu espaço enquanto um dos mais criativos e coerentes artistas portugueses. No dia 1 de outubro vamos poder assistir à apresentação deste trabalho num concerto imperdível que vai contar com a presença de Mick Harvey e Amanda Acevedo. Vai acontecer no Coliseu de Lisboa e no dia seguinte no cine-teatro de Amarante.
Pedimos a Mazgani que nos dissesse os discos e artistas que mais o influenciam. O resultado foi este.
1. The Pogues
If I Should Fall From Grace with God (1988)
A vida nunca mais foi como era em 1988. Descobri o 16 Lovers Lane dos Go-betweens na rádio, saiu o Tender Prey do Nick Cave and The Bad Seeds, o primeiro disco dos House of Love (o meu primeiro concerto no Coliseu dos Recreios), o Surfer Rosa dos Pixies, discos que se misturavam com os dias, com os amigos e com os primeiros amores.
Mas o melhor disco deste ano é o If I Should Fall from Grace with God” dos The Pogues e o Shane Macgowan continua a ser o mais abençoado dos cantores.
2. Leonard Cohen
Songs of Leonard Cohen (1967)
Este disco foi uma espécie de aparição da nossa senhora na aparelhagem do meu quarto. Parecia estar a ouvir um profeta a arder, a caminhar por paisagens áridas, por desertos de solidão e de grandes amores, a lutar pela própria vida. Sentia que estas canções tinham sido escritas para mim, e que tinha encontrado o sarilho que procurava. Não me enganei.
3. Timber Timbre
Timber Timbre (2009)
Se as canções do Leonard Cohen não fossem à prova de bala, ele não se safava com as produções manhosas de alguns dos seus discos dos anos 80 e 90. Aqui encontramos o oposto; belíssimas canções erigidas com grande sofisticação e economia. Taylor Kirk é um extraordinário esteta que constrói paisagens cinemáticas com poucas pinceladas, deixando ao ouvinte espaço para construir os seu próprio disco.
4. PJ Harvey
Let England Shake (2011)
Este disco é monumental. Produzido pela própria, por John Parish e Mick Harvey, estas canções encontram os três músicos em estado de graça, mestres do seu ofício a fazerem um álbum realmente único e original. Tive a oportunidade de os ver ao vivo na Aula Magna (as duas noites) e fiquei espantado com o despojamento e a fragilidade com que o espectáculo foi montado, tornando a vulnerabilidade com que se apresentavam na verdadeira força da sua actuação.
5. Lucrecia Dalt
A Danger to Ourselves (2025)
Comecei a ouvir este disco há uns minutos, enquanto escrevo este texto e, para já, estou a gostar muito. O Ay! de 2022 é excelente e por isso vou-lhe dar o benefício da dúvida e passar este cheque em branco, porque estou muito curioso em relação ao novo trabalho.
Se não for bom, devolvo-lhes o dinheiro.










