The Divine Comedy – Rainy Sunday Afternoon (Divine Comedy Records)
Rainy Sunday Afternoon marca o regresso dos The Divine Comedy com um luxuoso álbum pop orquestral, gravado na Abbey Road, onde Neil Hannon confronta memórias, perda, política e a própria mortalidade com uma sensibilidade melancólica que contrasta com a leveza barroca habitual. O disco foi fortemente apoiado pelo sucesso da banda sonora de Wonka, que permitiu a Hannon financiar este registo maior, e resulta num dos seus trabalhos mais pessoais e tocantes até agora.
Lola Young, I’m Only F**king Myself (Island Records)
Lola Young entrega em I’m Only F**king Myself um álbum corajoso e sem filtros, produzido em parte durante a sua recuperação num centro de reabilitação, onde explora temas como a autodestruição, o vício, o sexo e a identidade com uma franqueza implacável. As músicas variam entre baladas angustiadas e hinos de impulso rebelde, com Young a demonstrar uma presença vocal intensa e uma honestidade dolorosa, resultando num registo que é tanto um grito de libertação como uma confissão difícil.
Nation of Language, Dance Called Memory (Play It Again Sam)
Dance Called Memory continua a investigação sonora dos Nation of Language no território do synth-pop nostálgico, combinando melancolia digital com ganchos rítmicos que evocam a memória coletiva. O álbum oferece uma paisagem sonora onde a dança e a recordação se sobrepõem, como se cada canção fosse uma memória que convida o corpo a mover-se pelo tempo.
pôt-pot, Warsaw 480km (independente)
Com Warsaw 480km, os pôt-pot propõem uma viagem sonora que recua e avança pelo horror e pelo bizarro, inspirando-se em geografias distantes e em deslocações literais e emocionais. O título sugere uma jornada de 480 quilómetros até Varsóvia e, nesta distância, as canções exploram deslocações físicas e mentais, numa psicadélica abrasiva, tensa e reflexiva sobre as distâncias vividas.
Golden Apples, Shooting Star (independente)
Shooting Star dos Golden Apples é um disco que se move entre o folk e a pop acústica, com melodias que lembram dias de estrada e narrativas de passagem. As músicas parecem lançar luzes suaves sobre histórias contadas em movimento, oferecendo um conforto nostálgico e um senso de descoberta sentimental.
Biffy Clyro – Futique (14th Floor / Warner Records)
O décimo álbum de estúdio dos escoceses Biffy Clyro, Futique, emerge como uma reflexão emocional profunda sobre memória, amizade e resiliência. Gravado em Berlim e antecipado por singles como “A Little Love” e “Hunting Season”, o disco combina riffs explosivos, cromatismos pós-punk e baladas introspectivas para explorar as noções de “futuro” e “antigo” — ou o que Simon Neil chama de “futuro-antigo”. As letras tratam de perdas, recomeços e da importância de valorizar o presente, revelando uma banda mais vulnerável e madura, que transforma nostalgia e dor em afirmações de afeto e pertença.
Wednesday, Bleeds (Dead Oceans)
Os Wednesday chegam com Bleeds que aprofunda o lado sombrio e emocional da banda, com canções que não têm medo de explorar vulnerabilidade, dor e desejo. O disco é um mergulho introspectivo numa estética indie rock melancólica e lírica crua, onde as feridas emocionais são expostas sem maquilhagem.
Youth Sector, Pop Couture (independente)
Pop Couture mistura o exuberante e o grotesco, o pop sintético e a crítica social, numa experiência sonora que joga com glamour e ruído. As canções dos Youth Sector, banda de Brighton, em Inglaterra, combinam melodias exuberantes com letras afiadas, resultando num álbum que parece vestir o pop com uma capa provocadora e brilhante, para melhor desfiar o estado das coisas. A ter em atenção.
Black Lips, Season of the Peach (Heavenly Recordings)
Season of the Peach traz os Black Lips numa viagem psicadélica lo-fi de garage rock estival, onde guitarras barulhentas, grooves preguiçosos e vocais arrastados se misturam num caldo sonoro abrasivo e sonhador. É um álbum que evoca tardes quentes, festas perdidas e o charme bruto de riffs sujos em contraste com melodias quase doces.
Três Tristes Tigres, Arca (independente)
Arca é uma incursão linguística e sonhática dos Três Tristes Tigres em torno da ideia de metamorfose, de casas que se erguem e desmoronam, e de memórias que se transformam em ruínas ou terrenos férteis. As canções flutuam entre a canção de autor e texturas mais experimentais, desenhando um panorama poético onde a ideia de lar e de migração acaba por ser central.
NewDad, Altar (Partisan Records)
Altar apresenta os NewDad num registo crescente de tensão emocional e beleza atmosférica, onde a jovem banda irlandesa usa texturas de indie rock e dream-pop para construir canções que soam como cerimónias de memórias e esperanças. O álbum desenha-se em camadas meditativas que ganham força com o tempo, convidando o ouvinte a descobrir significados pessoais em cada faixa.
eliminadorzinho, eternamente, (Cavaca Records)
No segundo álbum, eternamente, o trio paulistano mergulha num som mais amplo, onde emo, shoegaze e pós-punk se cruzam com paredes de guitarra e distorções intensas. Faixas como “Golpe baixo” ou “Não me deixe no almoxarifado” revelam influências que vão do britpop ao rock alternativo dos anos 90, enquanto “Blondie (Menina do cabelo amarelo)” mistura garage rock e crítica política. É um regresso mais ousado e direto, pensado para a energia dos concertos ao vivo.
E ainda foram editados, hoje também, discos de Newton Faulkner, Biffy Clyro e múm, entre outros.











