14 álbuns a ouvir esta semana

Francisco Pereira

Para hoje seleccionámos 14 novos discos para conhecer, de Geese a Robert Plant, de Patrick Watson a Sprints, e muito mais.

Patrick Watson, Uh Oh (Secret City Records / Music As Usual)

Depois de sofrer uma perda de voz que durou meses, Patrick Watson regressa com Uh Oh, um álbum construído como uma série de colaborações onde ele escreve para outras vozes. O disco reúne 11 canções gravadas em várias localidades como Montreal, Nova Orleães, Los Angeles, Cidade do México, Paris e com uma abordagem minimalista de gravação (apenas dois microfones, sendo que muitas faixas foram gravadas em apenas uma ou duas takes). Uh Oh trata da vida como uma sucessão de “uh-ohs”, reflectindo momentos de hesitação, perda e renascimento.


Tom Skinner, Kaleidoscopic Visions (Brownswood / International Anthem)

Kaleidoscopic Visions é o segundo álbum de Tom Skinner a solo. Neste disco, Skinner junta composições mais “diretas e pessoais” à dinâmica da improvisação da sua banda, incluindo colaborações com Meshell Ndegeocello, Contour e Yaffra, entre outros. A obra articula textos musicais medidos e intimistas com ambiência cinematográfica, desenhando um fluxo psicoambiental que conjuga jazz, eletrónica e vibrações introspectivas.


Mulatu Astatke, Mulatu Plays Mulatu (Strut Records)

Mulatu Astatke lança Mulatu Plays Mulatu, um regresso do mestre etíope do Ethio-jazz, apresentado como um trabalho de reinterpretacões e celebração do seu próprio legado. É o primeiro álbum de estúdio de Astatke em 10 anos e revisita os seus temas dos anos 60 e 70.


Joy Crookes, Juniper (Insanity / Speakerbox / Sony)

Juniper é o segundo álbum de estúdio de Joy Crookes e que sucede a Skin, de 2021. Trata-se de um registo de canções onde a sua escrita amadurecida junta soul, R&B e pop orquestral e que é definido pela sua profundidade e dinamismo. A britânica começou a gravar o disco há bastante tempo e teve de lutar contra alguns desafios de saúde mental, contra a ansiedade e o perfeccionismo, para finalmente obter o resultado apresentado agora.


Coach Party, Caramel (Chess Club)

Caramel apresenta o som de estúdio mais vistoso dos Coach Party até ao momento: canções concebidas para a sala cheia, com refrões diretos e uma produção orientada para impacto ao vivo. Chega dois anos depois do disco de estreia, Killjoy e traz-nos um registo onde a banda disseca os sentimentos de isolamente e solidão que se tornam numa praga interior.


Sprints, All That Is Over (City Slang / Sub Pop)

Os Sprints consolidam-se com All That Is Over, um segundo álbum que eleva a sua fórmula punk/noise para um registo mais polido e com produção robusta. As guitarras continuam afiadas e urgentes, mas há espaço para refrões memoráveis e uma clareza melódica que amplia o alcance da banda. A ferocidade política mantém-se como força motriz, fazendo deste disco um manifesto de energia e descontentamento que nunca perde a vertigem visceral.


John Maus, Later Than You Think (a Young / edição independente)

John Maus regressa com Later Than You Think, expandindo a sua estética de synth-pop gótico com novas camadas de distorção e pulsos electrónicos. É um álbum sombrio e inquietante, mas também surpreendentemente acessível, onde a sua escrita críptica se funde com melodias que ecoam tanto no corpo como na mente. Maus continua a ser um provocador sonoro, capaz de transformar minimalismo em catarse, mantendo-se fiel ao seu estatuto de culto.


Robert Plant, Saving Grace (Nonesuch)

Em Saving Grace, Robert Plant mostra uma faceta contemplativa, unindo folk britânico, blues americano e espiritualidade íntima. A sua voz, mais terna mas ainda magnética, guia um conjunto de arranjos acústicos que evocam tradições antigas e ao mesmo tempo soam renovadas. O disco confirma Plant como um contador de histórias intemporal, interessado em continuar a explorar, mais do que repetir, a sua própria lenda musical.


Neko Case, Neon Grey Midnight Green (ANTI- Records)

Neon Grey Midnight Green é uma viagem pelas paisagens líricas e sonoras de Neko Case, onde a melancolia se veste de cores vivas e contrastantes. As canções oscilam entre o intimismo folk e a grandiosidade pop orquestral, sempre com a sua voz como farol. É um álbum rico em imaginação visual e emocional, construído como se cada faixa fosse um retrato pintado em camadas de sombra e luz.


Jeff Tweedy, Twilight Override (dBpm / Sony)

Jeff Tweedy apresenta Twilight Override, um álbum extenso (é um álbum triplo) que mergulha em narrativas íntimas e experimentações sonoras. As suas composições, ora delicadas, ora angulares, refletem a habilidade em encontrar poesia no quotidiano e transformar vulnerabilidade em força criativa. Combinando o folk confessional com arranjos mais ousados, Tweedy assina um trabalho que acrescenta densidade ao seu já vasto repertório.


Geese, Getting Killed (Partisan Records / Rough Trade)

Em Getting Killed, os Geese abraçam a experimentação total, deixando para trás o indie rock mais tradicional e entrando em territórios dissonantes e arriscados. O álbum é turbulento e imprevisível, oscilando entre explosões de energia e momentos de introspeção claustrofóbica. O resultado é um registo desafiante e provocador, que exige atenção e recompensa com intensidade crua.


Cate Le Bon, Michelangelo Dying (Mexican Summer)

Em Michelangelo Dying, Cate Le Bon entrega um dos trabalhos mais pessoais e desafiadores da sua carreira, onde a estranheza se converte em arte de uma forma singular. As canções surgem em camadas de sons meticulosos, com arranjos que alternam entre a delicadeza minimalista e momentos de intensidade quase barroca. É um disco que exige imersão, guiado pela sua voz hipnótica e por uma escrita que transforma o desconforto em beleza.


The Cords, The Cords (Skep Wax / Slumberland Records)

O álbum homónimo das The Cords soa a uma declaração de identidade: directo, cru e marcado pela estética jangle-pop e indie dos anos 80 e 90. Há um certo frescor juvenil na forma como o duo aborda melodias cintilantes e guitarras vibrantes, equilibrando melancolia e energia. É um registo de estreia que funciona como cartão de visita e convite a mergulhar no seu universo.


Automatic, Is It Now? (Stones Throw / Automatic)

Em Is It Now?, as Automatic expandem a sua abordagem de synth-punk e krautrock minimalista, adicionando groove e tensão hipnótica às composições. O álbum pulsa com linhas de baixo repetitivas e batidas mecânicas, criando atmosferas urbanas que soam tanto distópicas quanto dançáveis. É um trabalho coerente e magnético, que consolida a banda como uma das mais intrigantes no cruzamento entre electrónica e rock.