8 álbuns: As escolhas de Da Chick

Francisco Pereira

Da Chick escolheu 8 discos que mais a influenciaram na vida pessoal e musical e que trilharam o caminho de quem é hoje.

Há artistas que carregam consigo uma vibração própria, uma luz que não se aprende nem se imita — e Da Chick é uma dessas presenças raras. Desde que surgiu na cena nacional, trouxe consigo um sopro de funk, soul e disco que parecia tele-transportado de uma pista de dança dos anos 80 diretamente para Lisboa. Mas, mais do que uma estética vintage, o que sempre a distinguiu foi a atitude: groove sem esforço, confiança natural, ironia no sítio certo e uma entrega que faz cada canção parecer um convite irrecusável para dançar.

Foi com discos como “Chick To Chick” e “Conversations With the Beat” que consolidou o seu nome. Da Chick é pura energia: uma performer intuitiva, que domina o palco com movimentos precisos e presença magnética. Agora é a vez do seu novo disco tomar conta do abano das nossas ancas: Up In The Clouds saiu no dia 10 de outubro e é mais um grande disco da nossa “foxy” preferida.

Quando Da Chick escolhe os discos que moldaram o seu caminho, fá-lo com a autoridade de quem vive a música com intensidade e entrega total. Não é apenas uma curadoria: é uma viagem pela sua identidade sonora, uma coleção de influências que alimentam o glitter, o ritmo e a elegância que sempre a acompanharam. 

1. Erykah Badu

Baduizm (1997)

A Erykah é provavelmente a artista, até ao presente, com quem mais me identifico a nível de som e groove. Optei por este álbum em particular, mas a verdade é que podia ter escolhido qualquer outro… Baduizm foi, no entanto, a minha porta de entrada para o universo Badu. Mais do que uma artista, a Erykah representa um movimento, uma estética, uma forma de estar na vida. É som, é alma, é identidade.

2. Jamiroquai

Emergency on Planet Earth (1993)

Não consigo precisar quantas vezes escutei este álbum, mas foram mesmo muitas. Jamiroquai apareceu-me na televisão a deslizar pelo chão, com um chapéu e uns moves que me deixaram hipnotizada. Emergency On Planet Earth é daqueles discos que sempre que ponho a tocar, não me atrevo a saltar músicas e eu acho que é isso que faz dele um álbum para a vida.

3. Amy Winehouse

Frank (2003)

A Amy, em Frank, é uma inspiração. Foi mais ou menos na altura em que descobri este disco que comecei a escrever sobre sentimentos, sonhos, amores e desamores. Frank foi, sem dúvida, um dos álbuns que despertou a Da Chick que há em mim. A Amy é das artistas que mais me inspiraram a fazer música e, provavelmente, aquela de quem mais sinto saudades.

4. Guru

Jazzmatazz Vol 1 (1993)

Nunca consegui perceber se foi o hip-hop que me levou até ao jazz ou se foi o contrário. A verdade é que quando descobri os dois juntos algo se acendeu cá dentro. Jazzmatazz Vol 1  foi um dos discos que me abriu as portas para esse mundo perfeito, onde um verdadeiro Guru do rap se junta uma série de lendas da cena jazz que tanto admiro, como Donald Byrd e Roy Ayers. Um encontro de mundos que, para mim, fez todo o sentido.

5. Funkadelic

Maggot Brain (1971)

Confesso que quando vi e ouvi Parliament-Funkadelic pela primeira vez, fiquei bastante confusa. Havia ali tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, tantas mensagens codificadas, visuais muito fora, vozes vindas de outros planetas. Era como se estivessem a comunicar com o mundo terreno através de uma linguagem própria, cósmica e espiritual. Foi sem dúvida um mundo novo que se abriu diante de mim. Um mundo que me fez perceber que existem outras realidades, outras formas de pensar, de sentir, de se expressar. E este disco em particular tem a melhor primeira faixa de sempre. 

6. Roy Ayers

Feeling Good (1982)

Feeling Good é mais do que um título, é um estado de espírito que Roy Ayers sabe evocar como poucos. Quente, vibrante, e com aquela leveza que só ele consegue conjugar com profundidade.

Roy Ayers é mestre da música groovy. Do jazz ao soul, do funk ao disco, ele consegue representar vários estilos e moods na perfeição, sempre com magia, sofisticação e complexidade catchy. Este disco acompanha-me pela vida. É daqueles que vai tocando pela casa, que me faz cantar, dançar, chorar e sentir o poder transformador da música. Roy é para sempre.

7. Donald Byrd

Places and Spaces (1975)

Places and Spaces é das melhores viagens no universo jazz funk. E Donald Byrd provavelmente o meu trompetista de eleição. Ele leva-nos por caminhos onde o groove nunca falha e a sofisticação sonora é constante. Há um pulsar funk que atravessa o disco todo, ilustrado por músicos convidados incríveis e por coros arrepiantes que flutuam por cima, leves, quase etéreos, criando uma atmosfera que parece uma banda sonora, algo entre o urbano e o cósmico. É uma delícia sonora.

8. Sister Sledge

We Are Family (1979)

We Are Family marcou uma altura da minha vida em que ouvia praticamente só disco. Estava a escrever o Chick To Chick e mergulhada nesse universo cheio de groove, brilho e emoção. A disco, para mim, nunca foi só festa, sempre teve uma energia maior, uma história, uma essência que moldou quem sou artisticamente. Foi (e ainda é) um dos pilares de Da Chick. Mesmo que hoje me sinta a navegar por mares mais calmos, menos festivos, essa base continua firme e a pulsar cá dentro. Este disco deixa-me livre. 

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