Devendra Banhart no Coliseu: Madonna, Jardins Proíbidos e Bactérias numa noite perfeita.

Devendra Banhart ofereceu ao público português uma noite perfeita.

Devendra Banhart chegou a Portugal para dar início à sua digressão europeia de promoção do seu mais recente disco Flying Wig. Ontem esteve no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e hoje atua no Theatro Circo de Braga.

Foi com mãos nos bolsos, timidez e algum nervosismo que Devendra Banhart subiu ao palco ontem, acompanhado pela sua banda. Para alguns, a expetativa não era muita. Em 2013 o músico tinha lançado Mala, um disco perfeito do início ao fim e depois seguiu-se-lhe com Ape In Pink Marble em 2016, Ma em 2019 e agora este Flying Wig, lançado apenas em setembro passado. O facto de Mala ter sido um disco perfeito e o seu sucessor ter ficado bastante atrás, tirou algum mojo (se Austin Powers não se importar que usemos essa palavra) à relação Banhart/fãs. De tal modo que o excelente Ma ficou meio que perdido e apenas reconhecido pelos fãs fiéis.

Flying Wig, o novo trabalho que o músico veio então apresentar, ainda não teve tempo para si próprio mas Banhart não é novo nestas andanças e já sabia que não podia concentrar-se apenas aí.

A setlist do concerto foi então eclética. E foi crescendo tal como Devendra, que à medida que o tempo ia passando foi-se soltando e falando com o público e fazendo-nos rir com o seu humor e sentido de oportunidade. Sensivelmente a meio do concerto, o músico disse que estava aberto a canções pedidas mas tinham de cumprir uma de 3 condições:

1) que a canção fosse escrita por ele (“Isso é um bocado óbvio”)
2) que a canção fosse escrita por outra pessoa (“o que alarga o espectro para tipo, qualquer canção”)
3) que a canção ainda não tenha sido escrita (“se estiverem a pensar em alguma canção que esteja para ser escrita nos próximos 3 meses, peçam que nós tocamos”).

Os pedidos voaram da plateia rapidamente, desde “Carmensita” (tocada no encore) a “Seahorse” (ausente, infelizmente) e houve até quem tenha pedido “Jardins Proíbidos”. O humor de Banhart não ficou por aqui mas depressa se focava para tocar mais alguma canção. Mais à frente disse que “às vezes temos de parar para poder agradecer. Agradecer a todos os milhões de células que nos compõem e que formam o nosso corpo. E o que fazemos? Nada. Deixamo-nos estar parados. Por isso, agradecemos às nossas células e bactérias, minúsculas.” Bactérias essas, que lá no fundo no fundo, “desejavam estar a ver Madonna”, em concerto também, na noite de ontem, no Altice Arena.

Devendra Banhart tocou e encantou com uma disponibilidade total. Passou por “Mi Negrita”, “Love Song”, “Kantori Ongaku”, “Never Seen Such Good Things”, “Für Hildegard von Bingen” e tantas outras. Foi um superar de expetativas constante e que deixou todos satisfeitos.

Antes de saírem de palco para depois voltarem para o encore, Devendra e a sua banda tocaram ainda um pequeno medley iniciado com uma música de Chemical Brothers e depois outra de Madonna, claro está. Mais um óptimo momento.

Hoje, no Theatro Circo de Braga, o público português já sabe que pode contar com uma noite perfeita. Veja aqui um video de uma fã.

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