Ethel Cain, por Dollie Kyam

9 álbuns a ouvir esta semana

Pedro Picoito

Na cena indie, as atenções estão viradas para Ethel Cain esta semana. Para além de Cain, sugerimos mais oito álbuns, entre eles For Those I Love e Ada Lea.

Ada Lea, when i paint my masterpiece (Saddle Creek)

Depois de um período extensivo na estrada, Ada Lea obrigou-se a um hiato. Durante este tempo, o seu foco no trabalho artístico mudou do resultado para o processo. É desta descoberta que nasce when i paint my masterpiece. A sonoridade faz lembrar algumas canções de uma outra artista folk também ela pintora, de nome Joni Mitchell. As texturas são minimalistas e leves, mas sempre poéticas e intencionais.

deadmau5, Error5 EP (mau5trap)

deadmau5 é o nome de projeto do canadiano Joel Thomas Zimmerman. Por trás de uma máscara de rato que cobre toda a cabeça, o DJ e produtor explora house progressivo, electro house e techno. No novo EP, deadmau5 expande os seus limites para além dos sintetizadores melancólicos ou as produções mais antémicas.

Ethel Cain, Willoughby Tucker, I’ll Always Love You (Daughters of Cain)

Ethel Cain é uma figura controversa no panorama musical atual. Tanto horda um vasto grupo de fãs que a vê como uma deusa como provoca detratores que consideram que a sua música tem mais de estética do que conteúdo. A verdade é que o seu segundo álbum de 2025 não passa despercebido. As canções são atmosféricas e as letras balançam a beleza com a brutalidade. Ouvir um álbum de Ethel Cain é uma experiência demorada e exigente, mas para muitos certamente vale a pena.

Field Medic, surrender instead (lançamento independente)

Há certos álbuns em que o songwriting é um instrumento em si. surrender instead é um deles, no qual, para além de instrumento, é também fio condutor. Field Medic saltita entre géneros ao longo da coleção de canções bem construídas, mantendo a intimidade e a honestidade.

For Those I Love, Carving The Stone (September Recordings)

Depois da estreia aclamada em 2021, regressa David Balfe, o produtor, compositor e artista visual por trás de For Those I Love. Semelhante a For Those I Love, o segundo álbum Carving The Stone mantém o formato de spoken word sobre malhas eletrónicas. Como a maior parte dos projetos irlandeses lançados atualmente, o registo aborda a realidade social e política da ilha, como a luta da classe trabalhadora, a crise da habitação e “tecnofeudalismo”.

Gordi, Like Plasticine (Mushroom Music)

Meia década depois, a pandemia continua a permear a cultura contemporânea. A australiana Gordi é profissional de saúde e os meses dramáticos de pandemia inspiraram o terceiro álbum Like Plasticine, que oscila entre momentos atmosféricos e cintilante indie pop sem vergonha de o ser. Passados cinco anos, Gordi continua a perguntar-se “Como pode a vida humana ser tão frágil?”

Hayes Carll, We’re Only Human (Hwy 87 Records)

Comparado por vezes a Jason Isbell e John Prine, Hayes Carll está de volta com o seu álbum mais introspetivo até agora. As composições fluem sem pressa num tom conversacional. Carll procura ao longo do alinhamento perceber o que faz de nós humanos, acolhendo emoções e desafios com autoaceitação.

Westside Cowboy, This Better Be Something Great (Nice Swan Recordings/Heist Or Hit)

Os Westside Cowboys têm vindo a construir um lugar na cena indie graças à sua energia jovial e o apadrinhamento de bandas maiores como Blondshell e Black Country, New Road. A garra punk é genuína no tecido de guitarras saibrosas e cruas e na bateria explosiva e urgente. É um equilíbrio perfeito entre o visceral e o reflexivo.

Wombo, Danger in Fives (Fire Talk)

Danger in Fives é anguloso, afiando o pós-punk psicadélico dos Wombo. É um projeto imprevisível, que nos leva numa viagem por sonoridades inicialmente desconfortáveis mas que nos varrem para dentro da faixa pouco depois. É um aperfeiçoamento daquilo que os Wombo já mostraram saber fazer.