The Beths, Straight Line Was A Lie (Anti-)
O quarto álbum da banda neozelandesa, Straight Line Was a Lie mostra os The Beths no auge da sua escrita, mais firmes na forma e mais ambiciosos na substância. O disco anda de volta da ideia de que a cura nunca é linear, traduzindo-se num conjunto de canções que tanto soam a hinos de guitarras cristalinas como a confissões de fragilidade. É o equilíbrio entre energia e melancolia que talvez torne este trabalho como o mais conseguido da banda até à data.
The Beaches, No Hard Feelings (AWAL)
Depois do sucesso de Blame My Ex, as canadianas The Beaches voltam com um disco que as confirma como especialistas em unir refrões de arena a narrativas pessoais. No Hard Feelings oscila entre a fúria libertadora e a vulnerabilidade emocional, sempre com arranjos de rock polido que piscam o olho tanto à rádio como ao palco. É um álbum que não pede desculpa pela frontalidade e que mostra um grupo em plena maturidade criativa.
The Hives, Forever Forever The Hives (PIAS Recordings)
Os suecos regressam com um álbum que, segundo eles, são “12 singles”, e soa exatamente assim: cada faixa é um ataque frontal, sem espaço para respirar, carregada de riffs cortantes e refrões imediatos. Com a ajuda de Mike D e Josh Homme na produção, Forever Forever The Hives consegue ser ao mesmo tempo retro e irreverente, mantendo a energia caótica que fez da banda uma referência do garage rock.
Blood Orange, Essex Honey (RCA Records)
Seis anos depois, Dev Hynes volta com um disco profundamente pessoal, que mergulha na memória e no luto com a habitual sensibilidade estética. Essex Honey é feito de canções fluidas, entre o R&B atmosférico e o pop experimental, adornadas por colaborações de nomes como Lorde e Caroline Polachek. Um trabalho contemplativo e elegante, que expande ainda mais a paleta já vasta do músico britânico.
Jehnny Beth, You Heartbreaker, You (Fiction Records)
No seu segundo álbum a solo, a vocalista das Savages opta por um registo cru, visceral, carregado de nervo e teatralidade. You Heartbreaker, You é um disco que soa a confronto direto com o mundo, alternando momentos de fúria abrasiva com passagens de melancolia quase solene. Um regresso que reforça a sua posição como uma das artistas mais inquietas e imprevisíveis do rock europeu.
Ganser, Animal Hospital (Felte)
Depois de alguns anos de silêncio, os Ganser regressam com Animal Hospital, um disco que mergulha ainda mais fundo no seu território pós-punk sombrio, onde a claustrofobia urbana encontra explosões de energia catártica. As guitarras angulares e os ritmos tensos sustentam letras que falam de desgaste, sobrevivência e adaptação, criando um álbum que soa tão urgente quanto desconfortável. É a prova de que a banda de Chicago continua a explorar novas formas de inquietação sonora sem perder a intensidade que a caracteriza.
CMAT, Euro-Country (AWAL)
Com humor e lucidez, CMAT continua a reinventar a relação entre a música country e a Irlanda contemporânea. Euro-Country é simultaneamente divertido e devastador, uma crónica sobre capitalismo, amores falhados e ironias do quotidiano, servida numa sonoridade que mistura tradição, pop moderno e teatralidade. Um disco cheio de inteligência, mas também de coração.
Idles & Rob Simonsen, Caught Stealing (Sony Classical)
Para a nova obra de Darren Aronofsky, os Idles juntaram-se ao compositor Rob Simonsen e criaram uma banda sonora que é tudo menos decorativa. Caught Stealing traz quatro faixas inéditas da banda de Bristol, ferozes e nervosas, equilibradas com as orquestrações tensas de Simonsen. O resultado é um híbrido singular, entre a fisicalidade do post-punk e a densidade emocional do cinema.
Gulp, Beneath Strawberry Moons (E.L.K. Records)
Sete anos após o último disco, os Gulp regressam com um álbum sonhador, feito de texturas eletrónicas suaves e melodias de pop etéreo. Beneath Strawberry Moons soa caseiro, quase artesanal, mas com um encanto cósmico que o torna distinto. Canções como “Hope Shines Through the Haar” provam que a espera valeu a pena e que o trio continua a desenhar universos próprios.
Sabrina Carpenter, Man’s Best Friend (Island Records)
O novo capítulo da norte-americana é o seu disco mais ambicioso até à data. Man’s Best Friend aposta em letras provocadoras, arranjos expansivos e colaborações de peso, sem nunca perder o apelo imediato do pop. O resultado é um álbum que divide opiniões mas consolida Carpenter como figura central do presente mainstream, disposta a desafiar convenções e expectativas.
Anna Tivel, Living Thing (Fluff and Gravy Records)
Com a delicadeza de sempre, Anna Tivel regressa ao folk contemplativo em Living Thing, um disco que reflete sobre a passagem do tempo, a fragilidade e a beleza do quotidiano. As suas canções continuam a ser pequenas narrativas em forma de sussurro, e aqui ganham ainda mais força num registo íntimo e profundamente humano.
Westside Gunn, Heels Have Eyes 2 (Griselda Records)
Com Heels Have Eyes 2, Westside Gunn reforça a sua reputação de curador do universo Griselda e mestre na construção de discos que soam a filmes de culto em forma de rap. Beats sombrios, colaborações certeiras e a sua entrega inconfundível fazem deste novo capítulo mais uma peça fundamental na discografia do rapper de Buffalo. Um álbum que mistura luxo e brutalidade, moda e violência, sempre com a teatralidade que já é a sua assinatura.
Marshall Crenshaw – From the Hellhole (Shiny-Tone)
Veterano do power pop norte-americano, Marshall Crenshaw regressa com From the Hellhole, um disco que combina a sua habitual mestria melódica com uma escrita mais amarga e reflexiva. Entre guitarras luminosas e refrães que ficam no ouvido, o álbum revela um músico que não perdeu o dom da canção imediata, mas que agora a tempera com um olhar mais sombrio e desencantado sobre o mundo.
Pearly Drops – The Voices Are Coming Back (Untold Stories)
O duo finlandês de pop etéreo regressa com The Voices Are Coming Back, um disco onde a melancolia se mistura com eletrónica cintilante e ambientes quase oníricos. As canções soam como memórias difusas, com vozes delicadas que parecem vir de outro tempo, envolvidas em camadas de sintetizadores e texturas vaporosas. É um álbum hipnótico, feito para quem procura música que se sente tanto como se ouve, e que consolida os Pearly Drops como um dos projetos mais singulares da pop alternativa europeia.