David Byrne regressa com Who Is the Sky?, o seu primeiro álbum a solo em sete anos, depois do aclamado American Utopia (2018), que se transformou numa produção da Broadway e num filme realizado por Spike Lee. Se aquele disco era uma reflexão política e existencial, este novo trabalho é uma celebração da alegria, da conexão humana e dos pequenos prazeres quotidianos. Com a colaboração da Ghost Train Orchestra e do produtor Kid Harpoon, Byrne mergulha numa pop vibrante e colorida, alinhada com a sua iniciativa “Reasons to Be Cheerful”, que visa espalhar otimismo e positividade (algo absolutamente necessário nos dias que correm).
Musicalmente, Who Is the Sky? é uma colagem de estilos que vão do mariachi à soul, passando por ritmos cubanos e orquestrações cinematográficas. O álbum abre com “Everybody Laughs“, uma faixa energética que define o tom do disco, e inclui momentos como “My Apartment Is My Friend”, que remete à era dos Talking Heads. Colaborações com artistas como Hayley Williams e St. Vincent acrescentam camadas de complexidade e brilho ao projeto.
No entanto, pode haver quem ache que a abordagem de Byrne pode ser excessivamente otimista e os momentos de humor excêntrico podem, por vezes, parecer forçados ou excessivos. A busca incessante pela positividade pode tornar-se monótona, especialmente num contexto global marcado por desafios e incertezas. Nós estamos contra essa ideia. A energia contagiante do álbum é inegável, e certamente que, sendo Byrne quem é, vai ganhar nova vida nos palcos, onde a performance ao vivo vai amplificar a sua mensagem de esperança e celebração. Ainda bem!
Visualmente, Byrne também se distanciou da sua imagem clássica com o fato oversized, adotando um novo visual mais vibrante e expressivo, criado pela estilista Veronica Leoni da Calvin Klein. Este novo estilo reflete a energia e a abordagem dinâmica do álbum, o que reforça a ideia de que a arte e a estética estão intrinsecamente ligadas à mensagem que se pretende transmitir.
Who Is the Sky? é, assim, um álbum que mistura otimismo, criatividade e uma busca incessante por significado e conexão. Quiçá exuberante para alguns, é uma obra que demonstra a vontade de David Byrne de explorar novas sonoridades e de continuar a desafiar as convenções da música popular, mantendo-se fiel à sua essência de inovador e comunicador.
 
								 
															









