Jimmy Cliff, uma das figuras mais influentes da história do reggae e um verdadeiro embaixador da cultura jamaicana, morreu aos 81 anos. A notícia foi confirmada pela esposa, Latifa Chambers, que revelou que o músico sofreu uma convulsão seguida de pneumonia. No comunicado, agradeceu aos fãs, amigos e colegas de profissão, sublinhando que o apoio de todos sempre foi uma força fundamental ao longo da carreira do artista, pedindo também privacidade para a família neste momento de luto.
Nascido James Chambers em 1944, no interior da Jamaica, Cliff mudou-se ainda jovem para Kingston, onde começou a compor e a cantar. Aos 14 anos teve o primeiro grande êxito com “Hurricane Hattie”, chamando a atenção da indústria musical local e abrindo caminho para uma carreira que viria a ser decisiva na internacionalização do reggae. Nos anos 60 mudou-se para Londres e assinou com a Island Records. Experimentou sonoridades que cruzavam o reggae com a soul e o rhythm & blues e contribuíu para o surgimento de uma estética moderna, acessível e global.
A projeção internacional chegou com o filme The Harder They Come (1972), do qual foi protagonista. A banda sonora, onde se destacam temas como “Many Rivers to Cross”, “You Can Get It If You Really Want” e a faixa-título, tornou-se um clássico e desempenhou um papel central na disseminação do reggae pelo mundo. Cliff viria a assinar outros êxitos, como “Reggae Night” e a célebre versão de “I Can See Clearly Now”, que reforçaram a sua versatilidade vocal e o seu talento para transformar mensagens de esperança e resistência em hinos universais.
Ao longo de mais de seis décadas de carreira, recebeu dois Grammys e, em 2010, foi induzido no Rock and Roll Hall of Fame, distinções que provam a importância da sua obra. A Jamaica homenageou-o igualmente com a Order of Merit, uma das mais altas condecorações culturais do país. A sua música sempre esteve ligada a causas sociais, explorando temas como justiça, identidade e espiritualidade. Na vida pessoal, teve uma relação complexa com diferentes crenças, tendo atravessado uma fase rastafári antes de se converter ao islamismo. Era casado com Latifa e pai de vários filhos, mantendo-se ativo e criativo até recentemente, com o álbum Refugees, editado em 2022.
A morte de Jimmy Cliff representa a perda de uma das últimas vozes fundamentais da primeira geração do reggae. A sua influência estende-se muito para além das fronteiras musicais, deixando uma marca profunda na cultura global. Para muitos, Cliff não foi apenas um cantor ou ator, mas um símbolo de resistência, de esperança e de afirmação cultural.











