Depois de décadas a dar voz ao hip-hop nacional com os históricos Dealema, Maze lança finalmente o seu primeiro álbum a solo. Intitulado O Eremita, o disco é uma obra profundamente pessoal e marcada por um período de reclusão criativa que teve início durante os confinamentos da pandemia.
Composto por 19 temas, todos produzidos pelo próprio Maze, o álbum nasce da escolha consciente de se afastar do ruído exterior — redes sociais incluídas — e mergulhar num processo de criação solitário e intenso. “Durante o tempo em que o mundo abrandou e nos foi imposta uma reclusão forçada, encontrei abrigo no meu velho lugar de conforto: a solitude”, escreveu o artista nas suas redes. Foi nesse espaço, simbólico e físico, que revisitou cadernos antigos, compôs novas faixas e deu forma a ideias esquecidas, numa gruta criativa que serviu de abrigo emocional.
O disco foi gravado com meios simples — com um microfone emprestado pelo amigo Mike El Nite — e posteriormente misturado por Pi, engenheiro de som e companheiro de longa data. As misturas, tal como o conteúdo lírico, carregam a densidade de quem enfrentou tempos difíceis, refletindo temas como memória, cura, vazio, fé e sobrevivência interior. O Eremita é, assim, uma caminhada de dentro para fora, entre sombra e luz, com o peso e a urgência de quem tem algo a dizer e precisa de o libertar.
Mais do que um regresso, este disco marca um novo ponto de partida para Maze, afirmando-se como criador total e solitário num trabalho que não procura apenas comunicar — procura ecoar. O Eremita está já disponível nas plataformas digitais, e pode bem ser um dos momentos mais íntimos e reveladores do hip-hop português em 2025.