No Other Land não é só um documentário, é um murro no estômago. Filmado em colaboração entre palestinianos e israelitas, acompanha a luta das comunidades palestinianas de Masafer Yatta, que enfrentam a destruição das suas casas pelas forças israelitas. A história gira em torno de Basel Adra, um jovem palestiniano que documenta a resistência do seu povo, enquanto forma uma aliança improvável com Yuval, um jornalista israelita.
Sem filtros, o filme mostra bulldozers a arrasarem aldeias, famílias a serem expulsas e a luta diária de quem se recusa a desistir. E é exatamente isso que o torna tão poderoso – não há narração dramática, nem banda sonora épica, só a realidade crua e dura.
O documentário também levanta questões sobre o papel dos media na forma como cobrem (ou ignoram) este tipo de conflitos. Num mundo onde a informação é cada vez mais filtrada por interesses políticos e económicos, No Other Land funciona como um registo incontornável daquilo que está a acontecer no terreno, contado pelas próprias pessoas que o vivem.
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Para quem acha que já viu tudo sobre o conflito israelo-palestiniano, este filme vem provar o contrário. Vai além das manchetes e dos discursos fáceis, mostrando a complexidade e a humanidade de quem resiste.
Depois de ganhar o prémio de Melhor Documentário no Festival de Berlim, No Other Land chegou aos Óscares de 2025 como grande favorito, mesmo apesar de não ter distribuidor em solo norte-americano.
Em Portugal, pode ser visto, deste esta semana, no Cinema Ideal, em Lisboa, no Cinema Trindade, no Porto, e na plataforma Filmin. Se há filme que merece atenção, é este. Afinal, há histórias que não podem ser ignoradas.