Morreu Ozzy Osbourne, ícone do heavy metal e fundador dos Black Sabbath, aos 76 anos.

Francisco Pereira

Ozzy Osbourne morreu aos 76 anos. O último concerto em Birmingham reuniu os Black Sabbath e Metallica. Legado eterno do Príncipe das Trevas.

O lendário músico britânico, conhecido como o “Príncipe das Trevas” e figura incontornável do heavy metal, Ozzy Osbourne, faleceu hoje com a idade de 76 anos. “É com mais tristeza do que as palavras conseguem expressar que temos de anunciar que o nosso amado Ozzy Osbourne faleceu esta manhã”, declarou a família Osbourne em comunicado oficial. “Estava junto da sua família, rodeado de amor.”

Embora a causa da morte não tenha sido oficialmente revelada, Osbourne enfrentava sérios problemas de saúde nos últimos anos. No início deste mês, protagonizou o seu último concerto, um evento marcante realizado em Birmingham, Inglaterra — a sua cidade natal —, que reuniu a formação original dos Black Sabbath e nomes como Metallica, Slayer, Guns N’Roses e muito mais. O espetáculo será adaptado para cinema, sob o título Back to the Beginning: Ozzy’s Final Bow, com estreia prevista para o próximo ano.

John Michael Osbourne nasceu em 1948, em Birmingham. A sua paixão pela música surgiu na adolescência, ao ouvir “She Loves You”, dos Beatles. No final da década de 1960, fundou os Black Sabbath com Geezer Butler, Tony Iommi e Bill Ward, ajudando a moldar o som que viria a definir o hard rock e o heavy metal. Álbuns como Paranoid (1970) e Master of Reality (1971) tornaram-se marcos do género.

Para além do som pesado e sombrio, os Black Sabbath destacavam-se também pela iconografia e atmosfera inquietante. O álbum de estreia, Black Sabbath, incluía a faixa homónima que Ozzy viria a descrever como “a canção mais assustadora alguma vez escrita”. A ligação a temas ocultos alimentou a sua reputação e consolidou o epíteto que o acompanharia até ao fim da vida: Príncipe das Trevas.

Osbourne manteve-se como vocalista da banda até 1979, ano em que foi afastado devido a comportamentos erráticos associados ao abuso de substâncias. Apesar de alegar que o seu consumo não era diferente do dos colegas, a separação abriu caminho para uma das mais notáveis carreiras a solo da história do rock.

O seu percurso a solo foi fulgurante: os primeiros sete álbuns atingiram múltiplas platinas nos Estados Unidos. Os dois primeiros, Blizzard of Ozz (1980) e Diary of a Madman (1981), foram gravados com o guitarrista Randy Rhoads e incluem temas icónicos como “Crazy Train”. A trágica morte de Rhoads, num acidente de avião em 1982, deixou marcas profundas em Osbourne, que lhe prestaria homenagem com o álbum ao vivo Tribute (1987).

Reconciliou-se com os Black Sabbath em 1997, lançando em 1998 o álbum ao vivo Reunion. Em 2006, a banda foi incluída no Rock & Roll Hall of Fame. O álbum 13, de 2013, marcou o seu último registo de estúdio com o grupo.

Como artista a solo, Ozzy lançou mais dois álbuns nos últimos anos: Ordinary Man (2020) e Patient Number 9 (2022). Em 2024, foi também incluído no Rock & Roll Hall of Fame enquanto artista individual — um feito duplo raro na história do rock.

A sua vida foi marcada por episódios controversos e excêntricos que o tornaram uma figura lendária dentro e fora do palco. Em 1982, durante um concerto no Iowa, mordeu a cabeça de um morcego; nesse mesmo ano, foi detido por urinar junto ao Álamo. Enfrentou ainda problemas legais por agressão e chegou a ser preso por tentativa de homicídio da sua mulher, Sharon, que acabaria por retirar as acusações.

Em 1996, fundou com Sharon o festival itinerante Ozzfest, que decorreu quase anualmente até 2018, revelando novas gerações de bandas de metal. Em 2002, reinventou-se como estrela de reality show com The Osbournes, na MTV, um fenómeno cultural que catapultou a família para o estrelato televisivo. O programa teve quatro temporadas, até 2005.

Nas últimas horas, as homenagens multiplicam-se. Figuras de todos os quadrantes do universo musical prestaram tributo ao músico. Os membros sobreviventes dos Black Sabbath partilharam uma mensagem simples e comovente: “Ozzy forever”.