A complete unknown

“A Complete Unknown”: quando Chalamet se torna Dylan

Eduardo Marino

Timothée Chalamet encarna Bob Dylan sem truques nem playback, num filme que nos transporta para os anos 60 do folk.

A Complete Unknown é um biopic que nos transporta para os primeiros anos de Bob Dylan, mergulhando na vibrante cena folk de Nova Iorque dos anos 60. Timothée Chalamet assume o papel do icónico músico, numa transformação que tem dado que falar.

Para encarnar Dylan, Chalamet não fez as coisas por menos: passou cinco anos a preparar-se para o papel, mergulhando na vida e obra do cantor. Durante as filmagens, decidiu desligar-se do mundo moderno, abdicando do telemóvel durante três meses para se conectar verdadeiramente com a essência de Dylan. Esta dedicação reflete-se na sua performance, que já lhe valeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Ator.

Chalamet pode ser o centro das atenções, mas Monica Barbaro não fica atrás. No papel de Joan Baez, ela não só convence com a sua interpretação, como também impressiona ao cantar as músicas sem artifícios. A dinâmica entre os dois é intensa e autêntica, refletindo na perfeição a relação complicada – e cheia de faíscas – entre Dylan e Baez.

Uma das decisões mais marcantes de A Complete Unknown foi manter as atuações musicais completamente autênticas. Esqueçam o playback – tudo o que se ouve foi gravado no momento, o que dá ao filme um realismo incrível. De repente, estamos no meio dos pequenos clubes de Greenwich Village, como se tivéssemos viajado no tempo para testemunhar o nascimento de uma lenda.

Outro momento poderoso do filme leva-nos até 1965, ao icónico Newport Folk Festival, onde Dylan causou um terramoto ao trocar a guitarra acústica por uma elétrica. O choque foi real – e o filme capta na perfeição essa mudança radical, mostrando a coragem (e teimosia) de um artista que nunca teve medo de desafiar as expectativas.

Com interpretações memoráveis e uma atenção meticulosa aos detalhes históricos, este filme é imperdível para fãs e curiosos.