A redação do Mente Cultural juntou-se para listar os melhores discos do ano até ao momento. Se há quem considere que o ano de 2025 traz pouca quantidade de qualidade, há também quem ache precisamente o contrário. Estes 40 discos que escolhemos fazem parte de um lote ainda mais alargado do bom, ou melhor, do ótimo, que se tem feito pelos quatro cantos do mundo. Sabemos que estamos a deixar muitos de fora – precisamos de mais tempo para ouvir mais – mas recomendamos vivamente que oiçam o que seleccionámos.
Japanese Breakfast, For Melancholy Brunettes (& sad women)
Em For Melancholy Brunettes (& sad women), os Japanese Breakfast mergulham numa melancolia doce e contemplativa, com canções que oscilam entre o indie pop e arranjos etéreos. Michelle Zauner explora o luto, o desejo e a solidão com uma sensibilidade cinematográfica, criando um disco íntimo e delicado que sussurra mais do que grita. Um disco feito à medida de corações partidos e almas pensativas. F.P.
Bad Bunny, DeBÍ TíRAR MÁS FOToS
Depois do épico “Un Verano Sin Ti” — 23 faixas sem um grama de gordura — e do tropeção meio confuso que foi “Nadie Sabe Lo Que Va a Pasar Mañana”, Bad Bunny redime-se (e supera-se) com” DeBÍ TíRAR MÁS FOToS”, o seu verdadeiro magnum opus, que o lança de vez para a estratosfera. Com 17 faixas, o álbum é um mosaico vibrante de festa, memória e resistência — uma carta de amor sonora à ilha que Bad Bunny pôs no radar do mundo. Salsa, plena, bomba e reggaeton fundem-se aqui com precisão quase revolucionária. E.M.
Finn Wolfhard, Happy Birthday
Em Happy Birthday, Finn Wolfhard mostra que a transição de ator para músico está longe de ser um capricho passageiro. O disco abraça uma estética lo-fi e nostálgica, com canções que oscilam entre o indie rock sonhador e baladas desajeitadamente sinceras. Há uma vulnerabilidade juvenil que confere ao álbum um charme discreto, como se estivéssemos a ouvir os esboços de alguém a descobrir a sua própria voz artística, sem pressa de a definir. Uma das maiores surpresas do ano. F.P.
Black Country, New Road, Forever Howlong
Forever Howlong confirma os Black Country, New Road como uma das bandas mais inquietas e imprevisíveis da sua geração. Gravado ao vivo durante digressões recentes, o disco é uma reinvenção contínua: versões novas de temas antigos, improvisações e momentos de pura catarse colectiva. Agora sem Isaac Wood, a banda encontrou na multiplicidade de vozes uma nova identidade, mais aberta, teatral e emocionalmente crua, um testemunho da sua capacidade de transformação sem perder intensidade. F.P.
Model/Actriz, Pirouette
Se em disco os Model/Actriz já soam explosivos e teatrais, ao vivo tudo isso se multiplica — como bem mostraram no último Kalorama. Este quarteto nova- iorquino pega na intensidade do pós-punk e transforma-a numa rave emocional, onde cabem batidas industriais, refrões de cabaré pop e descargas viscerais. Canções como “Cinderella” e “Diva” misturam sem pudor letras cruas sobre desejo e vergonha com ritmos feitos para suar. “Pirouette”, o novo álbum, convida-nos a dançar de olhos fechados à beira do abismo. E.M.
Natalia Lafourcade, Cancionera
Natalia Lafourcade regressa às raízes da canção popular latino-americana com a delicadeza e a reverência que lhe são características. Cancionera é um disco é um tributo aos grandes mestres — como Violeta Parra e Agustín Lara — mas também uma afirmação pessoal, onde a tradição ganha nova vida através de arranjos subtis e interpretações profundamente sentidas. Lafourcade continua a provar que revisitar o passado pode ser um gesto de reinvenção. F.P.
Panda Bear, Sinister Grift
Sinister Grift mostra-nos Panda Bear em modo mais sombrio e abstracto, mergulhado numa eletrónica inquieta que evoca colagens sonoras e paisagens distorcidas. Ao lado de colaboradores menos previsíveis, Noah Lennox afasta-se do lirismo psicadélico habitual para explorar um universo mais fragmentado, onde o ritmo é quebrado e a melodia surge como eco distante. É um disco cheio de recompensas para quem se deixar levar pelo labirinto. F.P.
FKA Twigs, EUSEXUA
Magnético e meticulosamente equilibrado entre sensualidade e ousadia sonora, “EUSEXUA” de FKA twigs é mais uma prova de que o futuro do pop ainda passa por ela. Com um exército de produtores de luxo — Jeff Bhasker, Marius de Vries, Koreless, Stargate, entre outros — o álbum funde techno, drum’n’bass e trip hop com detalhe quase cirúrgico. Faixas como “Eusexua” e “Girl Feels Good” brilham na pista, invocando a espiritualidade eletrónica de “Ray of Light”, de Madonna, e a tensão crua dos Portishead, sem nunca cair no pastiche. Inovador, visceral e irresistivelmente sensual, é um disco que ao vivo — como se viu no Kalorama — ganha ainda mais corpo, suor e transcendência. E.M.
Ben Kweller, Cover The Mirrors
Em Cover The Mirrors, Ben Kweller apoia-se nos amigos à sua volta para ultrapassar o inimaginável, recrutando Waxahatchee, MJ Lenderman, The Flaming Lips e Coconut Records. A perda de um filho de tenra idade inspirou o álbum e é comovente testemunhar a forma como Kweller experiencia as várias emoções que disso advieram. Kweller oferece-nos canções honestas e cruas, que arrebatam emocionalmente qualquer um. P.P.
Psychedelic Porn Crumpets, Carpe Diem, Moonman
Em Carpe Diem, Moonman, os Psychedelic Porn Crumpets continuam a sua viagem intergaláctica de fuzz, riffs caóticos e energia descontrolada. O disco não reinventa a fórmula, mas refina-a com mais foco melódico e um sentido de humor cósmico que equilibra o peso das guitarras. É rock psicadélico de olhos arregalados, com os pés fora do chão e a cabeça algures entre Perth e Saturno. F.P.
William Tyler, Time Indefinite
Time Indefinite nasce da perda. Ao arrumar o apartamento do avô após o seu falecimento, Tyler deparou-se com várias gravações que utiliza com found sounds no álbum. O artista preserva as imperfeições e o granulado e assim nasceu uma obra emblemática que funde folk, eletrónica e música experimental numa dissertação sobre saúde mental, dependência e luto. P.P.
The Bug Club, Very Human Features
Very Human Features é uma dose irresistível de garage pop com sotaque galês e espírito punk. Os The Bug Club mantêm a sua marca registada: canções curtas, letras mordazes e uma entrega crua mas cheia de charme. Neste disco, há um equilíbrio entre o absurdo e o sentimental, onde a ironia convive com observações sinceras sobre a condição humana. Tudo embrulhado num som lo-fi que nunca soa descuidado, apenas autenticamente humano. F.P.
Caroline, Caroline 2
O arranque de “Total Euphoria” soa a oito músicos a fugir do metrónomo, mas a aterrarem num crescendo tão arrebatador que nos deixa a tremer. Entre guitarras desalinhadas, sopros inesperados e vozes moldadas como sintetizadores, o álbum parece uma montanha-russa sensorial onde nunca se sabe onde estamos, mas sabemos que queremos repetir. Neste novo trabalho os caroline pegaram na melancolia preciosa do disco de estreia e introduzindo um mosh de sonoridades que se transformam num caos delicioso (e sim, Caroline Polachek, continua imbatível nas colaborações). É música experimental com alma — um cocktail emocional que faz de “caroline 2” um dos discos indispensáveis de 2025. E.M.
PinkPantheress, Fancy That
A estética Y2K e as canções curtíssimas à base de samples são já premissas essenciais no trabalho de PinkPantheress. Em Fancy That, a britânica leva isso ao extremo e afia todas as suas armas para 20 minutos de pop patchwork sem quaisquer falhas. A evolução artísitica é clara, sendo um cume na carreira de uma das artistas mais aventureiras da nova geração. P.P.
The Weather Station, Humanhood
Em Humanhood, The Weather Station aprofunda a sua transição do folk para um art pop mais atmosférico e contemplativo. Tamara Lindeman constrói canções que soam como paisagens emocionais em mutação, onde sintetizadores discretos e arranjos elegantes sustentam reflexões sobre intimidade, ecologia e a fragilidade das ligações humanas. É um disco sereno, mas com uma tensão latente — como se cada faixa meditasse sobre o que significa permanecer sensível num mundo em colapso. F.P.
Vaiapraia, Alegria Terminal
Alegria Terminal é o registo mais cru e íntimo de Vaiapraia até à data — um disco que troca o punk efervescente por baladas lo-fi, quase confessionais, gravadas em casa e com o mínimo de filtros. Rodrigo Vaiapraia canta o amor, a dor e a dissociação com uma honestidade desarmante, entre sintetizadores frágeis e silêncios carregados. É um álbum que não procura consolar, mas acompanhar quem se sente perdido — com ternura e lucidez. Extraordinário. F.P.
rusowsky, DAISY
O maestro por trás do coletivo Rusia IDK mistura piano clássico com reggaeton mutante, glitch digital e balada confessional — criando faixas como “sukkKK!” e “4 Daisy”, que dançam entre a rave e o desabafo. As colaborações, de Jean Dawson a Kevin Abstract, passando de Las Ketchup a La Zowi, fazem do álbum um arco-íris de contrastes, sempre imprevisível e em constante combustão. Um pé no artifício digital, outro na emoção crua: cada música balança entre grooves instáveis e melodias que imploram replay. “DAISY” soa a pop feita em laboratório, mas com sangue nas veias. E.M.
Oklou, choke enough
2025 tem sido forte em estreias. A artista francesa Oklou já ia ganhando tração há uns anos, mas foi este ano que se apresentou com o primeiro disco. Com a ajuda de produtores sonantes da pop de vanguarda como A.G. Cook e Danny L Harle, choke enough edifica uma atmosfera difusa, por entre sintetizadores e algumas das linhas melódicas mais bonitas do ano. É uma obra intricada que nos cativa da primeira vez, mas que nos recompensa de cada vez que a revisitamos. P.P.
Viagra Boys, Viagr aboys
Os Viagra Boys continuam a disparar sarcasmo e caos sobre uma base sólida de post-punk suado e decadente. Viagr aboys mantém o espírito provocador e autodestrutivo da banda, mas com um polimento ligeiramente mais afinado e sem perder o instinto animalesco. Entre baixos gordos, saxofones desvairados e letras que oscilam entre o absurdo e o nihilismo, este álbum reforça o lugar da banda como cronistas disfuncionais de um mundo em colapso, sempre com um sorriso torto na cara. F.P.
Pulp, More
O regresso dos Pulp após 24 anos é um achado vibrante e reflexivo: Jarvis Cocker continua afiado, entregando observações sobre a meia‑idade, o desejo e a identidade com o sarcasmo e a ironia que marcaram a banda na década de 90. A produção de James Ford confere ao disco uma sonoridade rica, com linhas de disco‑pop em “Got To Have Love”, cordas emotivas em “Grown Ups” ou um indie‑funk subtil em “Slow Jam”, criando um equilíbrio feliz entre nostalgia e atualidade. More reafirma os Pulp como cronistas mordazes da vida adulta e comprova, com humor e sentimento, que envelhecer pode ser um processo criativo mais do que sedutor. F.P.
Quase Nicolau, Felicidade Moderna
Felicidade Moderna é um retrato delicado da juventude urbana, feito de beats caseiros, letras introspectivas e uma ironia doce que nunca escorrega para o cinismo. Os Quase Nicolau cantam o quotidiano com um olhar terno e desajeitado, onde a ansiedade, o afeto e a alienação digital convivem em harmonia lo-fi. É um disco pequeno, íntimo e certeiro — daqueles que parecem sussurrar verdades simples ao ouvido, sem grandes pretensões, mas com muita alma. F.P.
Sharon Van Etten, Sharon Van Etten & the Attachment Theory
Em Sharon Van Etten & the Attachment Theory, a cantautora norte-americana expande o seu registo emocional com uma sofisticação renovada. As canções mantêm a intensidade confessional que lhe é característica, mas ganham um novo fôlego com arranjos mais densos e uma banda coesa a acompanhá-la. É um disco sobre laços — os que criamos, os que perdemos, os que tentamos compreender —, tratado com maturidade e vulnerabilidade, sem perder a força crua que sempre marcou a sua escrita. F.P.
Bon Iver, Sable, fAble
Há quase 20 anos, quando Bon Iver se estreou, ninguém acreditaria que um dia mais tarde o mesmo artista faria um álbum como Sable, fAble. Justin Vernon apresenta-nos a sua versão mais acessível, afinando duas qualidades que sempre mostrou dominar: a vulnerabilidade e uma grande sensibilidade pop. A produção é rica em texturas e tons, abrindo espaço para as confissões desinibidas de Vernon. P.P.
Youth Lagoon, Rarely Do I Dream
Rarely Do I Dream é mais um passo firme na reinvenção de Trevor Powers enquanto Youth Lagoon, mergulhado num onirismo delicado que cruza ambient, pop psicadélica e melancolia eletrónica. O disco habita um espaço entre o real e o imaginado, com composições etéreas que parecem desdobrar-se em camadas emocionais. É uma meditação sonora sobre fragilidade e transcendência, feita com a subtileza de quem sabe que os sonhos, por vezes, dizem mais do que a vigília. F.P.
pablopablo, Canciones en Mi
Espanha tem construído nos últimos anos uma cena alternativa louvável. Um dos nomes mais interessantes e promissores é o de pablopablo, que se estreou este ano no formato de LP com Canciones en Mi. No entanto, já lança música há largos anos e esteve também por trás de canções de artistas maiores como C. Tangana e Guitarricadelafuente. No disco de estreia, as canções são simples, mas preenchidas. É um projeto voltado para a comunidade, em vários sentidos. O artista faz-se acompanhar de contemporâneos, como Amaia e Ralphie Choo, mas também ficam claros alguns dos mestres de pablopablo, os mais evidentes sendo talvez Vampire Weekend e James Blake. O alinhamento termina com uma dedicatória a um outro artista, mas este muito mais intímo do que os anteriores. Filho do aclamado cantor uruguaio Jorge Drexler, pablopablo encerra o registo com a bonita homenagem “Las Tuyas”. Canciones en Mi conquistou-nos com as suas letras honestas e as canções acessíveis mas meticulosamente construídas. P.P.
Tunde Adebimpe, Thee Black Boltz
Em Thee Black Boltz, Tunde Adebimpe (a voz dos TV on the Radio) entrega um álbum visceral e inventivo, onde spoken word, eletrónica desconstruída e soul distorcida se fundem num retrato inquieto da identidade negra e da resistência pessoal. É um disco experimental, mas profundamente humano, onde cada faixa parece uma performance — tensa, poética e carregada de urgência. Adebimpe recusa fórmulas e oferece, em vez disso, um manifesto sonoro tão político quanto sensorial. F.P.
Great Grandpa, Patience, Moonbeam
Seis anos volvidos desde Four of Arrows, para antecipação de muitos os Great Grandpa regressaram mais maduros com Patience, Moonbeam. Produzido pelos próprios elementos da banda, cada canção é o seu distinto universo e as paisagens sonoras são ousadas. Mais do que antes, os Great Grandpa são exímios na mistura fluída de géneros como o emo, indie rock e trip hop. É um álbum que recompensa quem realmente escuta os seus detalhes. P.P.
Afonso Rodrigues, Areia Branca
Areia Branca é um mergulho introspectivo nas paisagens sonoras da canção portuguesa contemporânea. Afonso Rodrigues conjuga uma escrita poética com arranjos minimalistas, onde a voz ganha destaque num registo íntimo e atmosférico. O álbum revela-se uma reflexão serena sobre memórias, afetos e o tempo, com uma delicadeza que cativa sem pressas. F.P.
Lambrini Girls, Who Let The Dogs Out
Who Let The Dogs Out é um grito energético e irreverente da cena punk britânica contemporânea. As Lambrini Girls combinam riffs crús, letras satíricas e uma atitude desafiadora que revigora o espírito DIY. O álbum é uma celebração de caos controlado, onde a diversão e a crítica social andam de mãos dadas num punk rápido, sujo e cheio de punch. F.P.
Monde UFO, Flamingo Tower
Flamingo Tower é uma viagem caleidoscópica pelo dream pop e synthwave, onde o som retro se mistura com atmosferas imateriais e uma produção cuidada. Os Monde UFO criam um universo sonoro vibrante, cheio de nostalgia futurista e melodias cativantes, perfeito para quem gosta de se perder em paisagens musicais envolventes e sofisticadas. F.P.
Horsegirl, Phonetics On and On
Este novo trabalho reforça o encanto lo-fi e o espírito DIY que tornaram as Horsegirl uma das bandas mais promissoras do indie rock recente. O trio de Chicago mergulha ainda mais fundo no noise melódico, com guitarras arrastadas, vozes em murmúrio e letras fragmentadas, como sonhos meio lembrados. É um disco que soa a adolescência em expansão — confuso, barulhento e, por isso mesmo, incrivelmente honesto. F.P.
Sports Team, Boys These Days
Este disco marca uma viragem surpreendente na discografia dos Sports Team — menos caótico, mais melódico e com arranjos inesperadamente refinados. A banda britânica troca o post-punk frenético por canções com influências de pop clássico, country e até soft rock, sem perder o olhar irónico sobre a sua geração. É um disco de transição, onde o sarcasmo dá lugar a alguma introspeção, e onde a rebeldia juvenil cede espaço a uma escrita mais cuidada, mas ainda mordaz. F.P.
Hayden Pedigo, I’ll Be Waving As You Drive Away
I’ll Be Waving As You Drive Away é o trabalho mais emotivo e cinematográfico de Hayden Pedigo até hoje. A sua guitarra fingerstyle ganha aqui uma nova gravidade, rodeada por arranjos discretos de piano e cordas, evocando tanto o vazio do deserto texano como uma melancolia clássica. É um disco de despedida serena, tecnicamente refinado e profundamente sentido — como sublinharam a Pitchfork e a Paste nas suas análises elogiosas. F.P.
Morcheeba, Escape The Chaos
Escape the Chaos é um regresso sereno de Morcheeba, onde a voz aveludada de Skye Edwards guia canções de trip-hop suave, folk-pop e ecos de bossa nova. Celebrando 30 anos de carreira, o duo opta por conforto em vez de risco, num disco caloroso e cinematográfico, pontuado por colaborações discretas e produção elegante. Não parece excitante mas é precisamente isso que nos cativa neste conforto. F.P.
Perfume Genius, Glory
Glory é o disco mais conciso e denso de Perfume Genius até hoje, com uma produção cinematográfica que mistura indie rock, folk e art-pop. As músicas, como “It’s a Mirror” e “No Front Teeth” (com Aldous Harding), exploram ansiedade, luto e alienação, mantendo uma beleza contida mesmo nos momentos de maior tensão. A banda — incluindo Blake Mills, Alan Wyffels, Jim Keltner e outros — traz densidade sonora e subtileza emocional, transformando o álbum numa meditação madura sobre viver com os nossos receios. F.P.
Alex Pester, Bedroom Songs
Bedroom Songs de Alex Pester é um registo minimalista e emotivo, gravado em casa onde dominam guitarras suaves e melodias pop lo-fi com uma sensibilidade folk. As canções—frequentemente breves—flutuam entre nostalgia psicadélica e introspeção, revelando uma capacidade surpreendente para misturar melodia envolvente e textura caseira. É um álbum delicado mas confiante, perfeito para quem procura autenticidade sem artifícios. F.P.
Maribou State, Hallucinating Love
Hallucinating Love é um álbum maduro e otimista que emerge da adversidade: após sete anos de pausa e cirurgia grave de Chris Davids, o duo britânico regressa com downtempo repleto de alma e elegância eletrónica. Faixas como “Otherside” e “All I Need” trazem vozes calorosas — Holly Walker e Andreya Triana — embebidas num groove funk e cordas expansivas. “Blackoak” e “Peace Talk” destacam-se com camadas orquestrais e sufusão emocional, enquanto interlúdios instrumentais como “Passing Clouds” oferecem momentos de pura introspeção. F.P.
Mamalarky, Hex Key
Hex Key é o álbum mais maduro e experimental de Mamalarky até hoje. Gravado no seu estúdio caseiro em Los Angeles, o quarteto norte-americano mistura indie rock, psicadelismo e R&B alternativo com uma confiança notável. O álbum mantém uma coesão sonora impressionante, consolidando a banda como uma das mais inventivas do indie atual. F.P.
Lucy Dacus, Forever Is a Feeling
Forever Is a Feeling é o álbum mais íntimo e vulnerável de Lucy Dacus até hoje. Através de letras sinceras e arranjos delicados, Dacus explora temas de amor, desejo e identidade, refletindo sobre a sua relação com a colega de banda Julien Baker. Colaborações com Hozier e contribuições de Phoebe Bridgers enriquecem a sonoridade do disco, que combina elementos de indie rock e folk-pop com uma produção refinada. F.P.
Matt Berninger, Get Sunk
Matt Berninger, vocalista dos The National, apresenta um álbum introspectivo e melódico, marcado por arranjos minimalistas e letras que exploram temas de amor, solidão e busca por significado. Colaborações com artistas como Hand Habits e Ronboy enriquecem a sonoridade do disco, que transita entre folk, soft rock e indie pop.