Depois do sucesso esmagador da primeira temporada, a segunda leva de episódios de The Last of Us chegou à HBO com elevadas expectativas. Baseada na narrativa do segundo jogo da saga da Naughty Dog, a nova temporada optou por seguir de forma bastante fiel os eventos originais — e isso teve um preço.
Logo no segundo episódio, o choque: Joel, a personagem interpretada por Pedro Pascal e central ao impacto emocional da primeira temporada, é brutalmente assassinado. Era um momento esperado por quem conhecia o jogo, mas muitos assumiam que o desfecho viria mais tarde na temporada. A decisão de antecipar esta cena deixou uma parte da audiência desorientada — e, em muitos casos, fora da série. As redes sociais encheram-se de comentários de fãs que declaravam ter desistido ali.
Ainda assim, o episódio em causa foi dos mais bem recebidos pela crítica. A realização crua, a tensão constante e o confronto com a violência sem sentido do mundo pós-apocalíptico mostraram que a série não pretendia seguir um caminho confortável. Joel desaparece cedo da ação presente, mas regressa no episódio 6, construído em torno de flashbacks. É provavelmente o momento mais emocional da temporada, com as cenas tocantes entre Joel e Ellie (Bella Ramsey), que acrescenta profundidade ao luto e à raiva que moldaram estes episódios.
A temporada acompanha sobretudo Ellie e a nova personagem Abby (vivida por Kaitlyn Dever), cuja presença — e papel no destino de Joel — alimenta uma tensão difícil de gerir, tanto para as personagens como para o público.
Tal como o jogo, a série levanta questões difíceis sobre vingança, moralidade e sobrevivência. Mas nem sempre consegue equilibrar o peso emocional com o envolvimento do espectador. A ausência de Joel ao longo da temporada é sentida, e embora Bella Ramsey continue a mostrar grande intensidade no papel de Ellie, a ligação que tinha sido criada com o público na primeira temporada nunca é totalmente replicada nesta segunda parte.
O episódio final deixou várias perguntas em aberto, sobretudo em relação ao destino de Ellie. Após um confronto exaustivo e violento, a personagem desaparece da ação principal, e não há clareza sobre o seu futuro imediato. A decisão de terminar desta forma é arriscada, mas alinhada com o tom da temporada: não há respostas fáceis nem conclusões definitivas.
The Last of Us continua a ser uma das adaptações mais ambiciosas de um videojogo para televisão, mas a segunda temporada marca uma viragem importante. Opta por arriscar narrativamente, mesmo sabendo que isso significaria perder parte do seu público. Resta saber se a terceira temporada — já confirmada — será capaz de recuperar o envolvimento que esta segunda parte deixou escapar.