“Dying for Sex”: o fim está perto, mas o orgasmo primeiro

Eduardo Marino

Cancro em fase IV? Molly respondeu com orgasmos, conversas sem filtro e uma amizade à prova de tudo. A série Dying for Sex mostra que o fim pode ter muito mais vida do que se espera.

Dying for Sex“, é uma daquelas minisséries que não dá para ver de ânimo leve, mas também não dá para parar de ver. Baseada no podcast com o mesmo nome, criado por Molly Kochan e Nikki Boyer, a produção da FX — disponível na Disney+ —, tem sido apontada como uma das mais fortes do ano. E com razão: é um retrato cru, terno e muitas vezes hilariante de como lidar com a vida quando se sabe que o fim está à porta.

A história parte de um diagnóstico terminal. Molly, interpretada por uma brilhante Michelle Williams, descobre que tem um cancro em fase IV, com metástases nos ossos, fígado e cérebro. Já era casada, procurava estabilidade e segurança, mas a notícia muda tudo. Em vez de fazer uma lista de “coisas a fazer antes de morrer” no estilo clássico, Molly decide explorar a sua sexualidade — sem filtros nem tabus. E fá-lo com a ajuda e cumplicidade da sua melhor amiga, Nikki, interpretada por Jenny Slate. Entre aventuras sexuais e sessões de quimioterapia, as duas vão reavaliando tudo: amor, amizade, passado, futuro, e o que realmente conta.

Apesar da premissa pesada, a série não se perde em dramatismos. Há momentos em que estamos a rir à gargalhada e, segundos depois, completamente em silêncio, engolidos pela vulnerabilidade das personagens. Essa dualidade é o que lhe dá força. O humor e a dor caminham lado a lado, como na vida real.

Michelle Williams e Jenny Slate estão em modo gigante. A química entre as duas carrega a série com naturalidade, e é quase garantido que ambas vão estar em destaque na próxima temporada de prémios — e que provavelmente vão levar Emmys para casa. Williams mostra uma Molly sem medo de se expor, mesmo nas suas contradições. Slate dá corpo a uma Nikki que é o coração da história, com espaço próprio e emoção genuína.

A origem da série no podcast também se faz sentir no tom íntimo com que a narrativa é construída. A relação entre as duas amigas é o centro de tudo, mais forte até do que qualquer romance. O sexo é muitas vezes só o ponto de partida para conversas mais profundas — sobre identidade, traumas antigos, escolhas mal resolvidas e o que é que ainda vale a pena fazer quando se sabe que o tempo está a contar ao contrário.

Se em 2025 há uma série que vale mesmo a pena ver e recomendar, é esta. Sem efeitos especiais, sem voltas rebuscadas no argumento. Só duas amigas, muitas conversas, um deadline real e a vontade de deixar qualquer coisa feita antes de partir.

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