Vanarin – Hazy Days (2025)

Francisco Pereira

Os Vanarin são artesões do som da pop psicadélica e cujo terceiro álbum nos cativa e não nos deixa sair dele.

Os Vanarin são uma banda de pop psicadélica que poucos conhecem. Composta por David Paysden, Marco Sciacqua, Massimo Mantovani e Marco Brena, a banda traz muitas influências para o seu caldeirão de sons. No dia 17 de janeiro foi editado o seu terceiro disco, Hazy Days e nós temos estado a ouvir em loop desde então.

Eles já tiveram oportunidade de cruzar palcos como nomes como Thurston Moore, Public Image Ltd ou Battles e suscitaram tanto interesse que ganharam destaque internacional atingindo as frequências da prestigiada BBC,
que os colocou “apenas” entre as melhores músicas do momento.

Neste novo disco, o grupo mostra-se no auge da sua maturidade expressiva, dando origem a um álbum conceptual onde cada faixa representa um instantâneo do ser humano atual. A evolução dos Vanarin é continuamente dividida entre momentos de lucidez e desorientação, esperança e desilusão, numa era cada vez mais nebulosa e desafiante, dominada que está – para o bem e para o mal – pela tecnologia. Ao todo são 8 faixas que brilham pela elegância e requinte composicional, desvendando um groove eclético e multifacetado que ultrapassa os limites da pop para aterrar nos territórios da indietrónica, nu-soul e psicadelismo: uma experiência única e sofisticada que, ao mesmo tempo, é acessível a todos graças à sua frescura e imediatismo.

Desde a abertura hipnótica e vibrante de “Hey Listen” até à irresistível “A Fly On The Wall”, desde as atmosferas negras de “I Don’t Know” ao charme futurista de “Falling Under”, o disco é permeado por sons multiformes e variados, onde o electro-funk dos Hot Chip se funde com as sugestões soul-step de James Blake, enquanto a precisão sintética dos Junior Boys se cruza com as repetições lisérgicas dos Tame Impala.

Mas para além das várias influências possíveis, os Vanarin são antes de mais artesãos do som com uma identidade forte. Tocando habilmente com filtros, reverbs, distorções, quebrados e remontados ritmos – todos eles meticulosamente refinados por inúmeros detalhes – dão vida aos seus ritmos muito particulares dub-step atmosférico e minimalista, sempre com o objetivo de ser cativante, mas também profundamente introspectivo.

Hazy Days é de facto um hino sincero à natureza transitória da existência e à relação em constante evolução que partilhamos connosco mesmos.

© fotografia da banda de Andrea Benedetta Bonaschi

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