Hailey Whitters, Corn Queen (Pigasus Records)
Desde o início da carreira que Hailey Whitters se apresenta como aspirante a estrela country, mas desviada do padrão. As canções e a sua estética são delicadas com um toque bastante feminino, mas há algo pouco polido em Whitters, no melhor dos sentidos. Em Corn Queen, a artista canaliza o som do Midwest americano, de onde é originária, mas explora outras paletes pelo caminho. Em “White Limousine” brinca com a pop da cidade e viaja até ao soul do Sul em “Wholesome”. Hailey Whitters tem sido, nos últimos anos, dos nomes mais entusiasmantes de Nashville.
Hayden Pedigo, I’ll Be Waving As You Drive Away (Mexican Summer)
O folk-ambient instrumental de Hayden Pedigo preenche o espaço. Mesmo sem palavras, conta histórias e leva o ouvinte em autênticas viagens. O fingerpicking típico do guitarrista funde-se com texturas mais esboroadas, numa malha impactante, por vezes, e impossível de ignorar. A música de Pedigo é simples e minimalista. No entanto, capta a nossa atenção de uma forma tão cheia que nem reparamos que o que ouvimos é pouco mais do que seis cordas de guitarra. São 28 minutos em que viajamos por belas paisagens no lugar do pendura.
Little Simz, Lotus (AWAL)
O futuro do hip hop passará sem dúvida por Little Simz (e talvez já passe no presente!). Lotus é já o sexto álbum de Simz, a juntar a uma discografia consistente e forte. No registo, a britânica colabora com Obongjayar, Michael Kiwanuka e Sampha, entre muitos outros. O título do álbum é metafórico e a artista aborda principalmente a temática da transformação. Lotus mostra-nos um lado ainda mais vulnerável de Little Simz, uma versão crua de uma das grandes canetas do hip hop moderno.
Pulp, More (Rough Trade)
More é o primeiro álbum da icónica banda britânica em 24 anos. Para muitos a melhor banda entre as Big Four do Britpop, os Pulp voltam com toda a força. Podia ser mais um regresso para pagar contas, no qual a banda apresenta uma versão diluída daquilo que outrora foi, mas não é. Não pela parte das contas (isso não sabemos), mas porque More merece toda a nossa atenção. Trata-se de um álbum a sério que, embora se calhar não os ultrapasse, convive na mesma liga que Different Class ou His N Hers. Tendo sido sempre mais maduros que os seus rivais, os ingleses apresentam-se agora naturalmente mais velhos e, com isso, bastante cândidos. Dá gosto quando os comebacks de facto resultam.
Turnstile, Never Enough (Roadrunner Records)
A banda que se tornou um fenómeno dentro da internet com Glow On, de 2021, está de volta com Never Enough. O líder do grupo, Brendan Yates, produziu o registo, que conta com vários convidados. Entre eles encontram-se A. G. Cook, Faye Webster, Hayley Williams dos Paramore, Devonté Hynes (o nome por detrás de Blood Orange) e Leland Whitty dos BadBadNotGood. No registo, os Turnstile continuam o seu hábito de, apesar de enraizados no hardcore e punk, brincar com a pop, música eletrónica e R&B, entre outros géneros. Dia 14 de junho a banda atua no Porto, no NOS Primavera Sound.