REVIEW: The Pretenders – Relentless (2023)

Chrissie Hynde leva os Pretenders de volta ao lugar onde eles pertencem.

Durante a última década, Chrissie Hynde satisfez os seus caprichos criativos lançando álbuns como artista a solo e também através da sua banda de longa data, os Pretenders. Poderíamos contudo argumentar que os Pretenders já são um projeto a solo de Hynde, com trocas constantes de músicos de apoio conforme a cantora e os álbuns considerem adequado.

Mas há aqui um pouco mais do que isso. Os três discos que Hynde lançou a solo (e um creditado a JP), Chrissie e os Fairground Boys foram mais do que meras trocas de apelidos. Desde sua estreia a solo, em Estocolmo de 2014, até Standing in the Doorway: Chrissie Hynde Sings Bob Dylan de 2021, há uma distinção nas subtilezas do seu trabalho. O facto de Hynde reservar o melhor material para sua banda não é por acaso. 

Relentless, o 12º álbum dos Pretenders, não está muito distante de seu antecessor, Hate for Sale de 2020, que devolveu à banda o som punk irregular dos seus primeiros dias. Mas onde aquele álbum lutou como se tivesse a provar algo mais àqueles que duvidavam, Relentless consegue estabelecer um ritmo familiar proporcionado por essa conquista.

Como tantos álbuns dos Pretenders, há uma mistura de rock e baladas, como que a lembrar o ouvinte que Hynde nunca foi pessoa para estar a corresponder às expectativas.  Tal como em Hate for Sale, todas as canções de Relentless foram escritas em parceria com o guitarrista James Walbourne. Mas o baterista original Martin Chambers, desta vez, está ausente. Isso retira um pouco de brilho a Relentless, assim como a sua produção muitas vezes estéril.

Mas as guitarras na abertura em “Losing My Sense of Taste” e a pop vibrante de “Let the Sun Come In” lembram os ouvintes das raízes da banda. Há aqui algumas músicas boas, particularmente “A Love”, que soa como um outtake da era Learning to Crawl, e o encerramento “I Think About You Daily”, com uma secção de cordas arranjada e conduzida por Jonny Greenwood dos Radiohead.

Ainda assim, Hynde não consegue livrar-se do seu lado mais suave, que tem sido uma parte desprotegida do seu trabalho desde a estreia dos Pretenders. É nesses momentos que a linha ténue entre a banda Pretenders e a artista a solo Hynde fica confusa.

Relentless é um lembrete de que eles são, para sempre, inseparáveis.

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