Quando The Pitt estreou na Max em janeiro de 2025, poucos esperavam que um drama médico voltasse a gerar tanto entusiasmo. Mas, contra todas as previsões, a série tornou-se um dos maiores fenómenos televisivos do ano — e a grande favorita aos Emmys na categoria de Melhor Drama.
Criada por John Wells, produtor executivo de ER (ou Serviço de Urgência, como ficou conhecido por cá), The Pitt consegue o que parecia impossível: reinventar a fórmula do drama hospitalar. Ao contrário das séries médicas que surgiram na última década, esta não aposta no melodrama ou nos casos clínicos mirabolantes. Em vez disso, oferece uma abordagem realista, centrada num turno de 15 horas consecutivas na sala de emergência de um hospital em Pittsburgh.
Cada episódio corresponde a uma hora dessa jornada, sem saltos no tempo, o que permite acompanhar em detalhe o desgaste emocional e físico das equipas médicas. Noah Wyle — que regressa ao género que o tornou conhecido — interpreta o Dr. Robby Robinavitch, um médico veterano em constante confronto com um sistema de saúde caótico. Wyle, também produtor executivo, lidera um elenco de desconhecidos que surpreendem pela química e autenticidade. Uma curiosidade: parte do elenco foi recrutado entre jovens atores locais de Pittsburgh, o que contribuiu para a autenticidade do ambiente hospitalar e dos sotaques.
Fiona Dourif, Gerran Howell, Taylor Dearden e Isa Briones destacam-se em papéis que fogem aos estereótipos habituais. São personagens que erram, desabam, improvisam, e que, acima de tudo, funcionam como equipa. É essa dinâmica — marcada por cumplicidade, tensão e silêncios — que eleva a série e faz lembrar os primeiros tempos de ER, agora com uma nova energia.
Outro ponto forte está na forma como a série retrata os procedimentos médicos. The Pitt tem sido elogiada por profissionais de saúde pela precisão das intervenções, sem dramatismos nem heroísmos forçados. Há momentos em que não acontece nada — e isso, num hospital, também é real.
Sem banda sonora a guiar emoções, com luzes fluorescentes impiedosas e planos longos que captam a exaustão dos protagonistas, a série aposta num realismo quase documental. Mas não é fria: há empatia, falhas, e pequenos gestos que dizem muito mais do que grandes discursos (que também há).
The Pitt mostra que ainda há espaço para inovação num género aparentemente esgotado. Não é uma série de casos médicos — é uma série sobre pessoas, desgaste, e resistência. A crítica tem sido unânime, a audiência tem crescido semana após semana, tendo já garantido uma segunda temporada para 2026.