The White Lotus 3: temporada à deriva, mas com um final em cheio

Eduardo Marino

A terceira temporada de The White Lotus dividiu opiniões e foi a menos consensual até agora. Mas o episódio final deu-lhe um novo fôlego — e deixou os fãs a querer mais.

A terceira temporada de The White Lotus chegou ao fim e foi, provavelmente, a mais discutida desde que a série estreou. Mas desta vez, a conversa foi mais crítica do que entusiasmada. Ambientada na Tailândia, a temporada tinha tudo para correr bem: paisagens incríveis, um elenco forte, e o habitual cocktail de tensão, privilégio e situações desconfortáveis. Só que, durante boa parte dos episódios, pareceu que a história andava às voltas.

Ao contrário das duas primeiras temporadas — a primeira no Havai e a segunda na Sicília —, esta demorou a arrancar. As personagens estavam lá, mas a química nem sempre funcionava. O mistério, que costuma dar aquele toque de thriller leve à série, parecia perdido no meio de subenredos que não levavam a lado nenhum. Para muitos fãs, esta foi a temporada “menos amada”, e não foi difícil perceber porquê: menos ritmo, menos tensão, menos surpresas.

Mas… o episódio final mudou o jogo. A tensão acumulada finalmente explodiu, e algumas revelações deram sentido ao que parecia disperso. Algumas personagens tiveram finais felizes, outras nem por isso. Mas houve reviravoltas suficientes para manter os espectadores a adivinhar até ao fim. De repente, tudo pareceu mais coeso. Foi aquele tipo de final que faz repensar a temporada inteira — o suficiente para alguns fãs perdoarem os momentos mais arrastados.

No meio disto tudo, houve quem brilhasse. Carrie Coon foi, provavelmente, quem mais se destacou. A sua personagem, Laurie, foi ganhando peso à medida que os episódios avançavam. Jason Isaacs também esteve sólido, e Parker Posey trouxe aquele tom excêntrico que encaixa sempre bem no universo White Lotus. Não foi um elenco desequilibrado — só precisava de mais espaço para respirar.

Um detalhe curioso (e sentido por muitos) foi a mudança na banda sonora. Cristóbal Tapia de Veer, responsável pelas músicas icónicas das temporadas anteriores, não participou desta vez. Segundo alguns relatos, houve divergências criativas com Mike White, o criador da série. E sim, notou-se. A música perdeu aquela estranheza que ajudava a criar ambiente.

E o que vem a seguir? A HBO já confirmou uma quarta temporada, prevista para 2026. Ainda não se sabe o destino, mas há rumores sobre um regresso à Europa — talvez Espanha ou França. Mike White também já deu a entender que quer ir mais fundo nas questões culturais. Se esta temporada tentou mostrar a exaustão de um certo tipo de privilégio, talvez a próxima tente perceber o que acontece quando esse privilégio colide com algo mais tradicional.

A terceira temporada de The White Lotus pode ter sido uma viagem menos segura, mais lenta e com menos impacto imediato. Mas no fim, recompensou quem ficou até ao último episódio. E mesmo que nem todos os caminhos tenham levado a algum lado, ficou claro que Mike White ainda tem histórias para contar — e lugares exóticos para mostrar. Que venha a próxima.

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